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Após cinco anos desde a última edição, os expositores e visitantes da 12ª edição da Metalurgia depararam-se com um mercado transformado e aquecido, impulsionado por investimentos e demandas crescentes da indústria, sobretudo, automotiva. Além disso, o apelo à sustentabilidade e à migração para uma indústria mais verde era notável em um rápido passeio pelos corredores da Expoville, se tornando um dos destaque desta edição do evento. Encerrada na última sexta-feira (22), a Metalurgia 2023 atraiu 18 mil participantes e projeta gerar R$ 300 milhões em negócios nos próximos 18 meses, um sucesso para os organizadores, embora ainda não tenha alcançado cifras pré-pandêmicas.
Principal mercado consumidor do segmento de fundição, a indústria automotiva passou por uma significativa transformação desde a 11ª edição da Metalurgia, em 2018. O período foi marcado pela crescente eletrificação dos veículos, impulsionando o desenvolvimento de carros elétricos e híbridos. Além disso, a conectividade avançada e as preocupações com a sustentabilidade tornaram-se pilares importantes dessa indústria.
“A indústria evoluiu nestes cinco anos, tanto a parte tecnológica deste setor, quanto os próprios consumidores deste setor. A indústria que está aqui visitando, por exemplo, é a indústria automobilística, é a indústria naval, é a indústria de máquinas e equipamentos… todas elas utilizam metalurgia, metal e fundição em seus processos produtivos. Todas elas continuaram produzindo e até cresceram bastante nesses cinco anos, apesar da pandemia, e isso demandou novas tecnologias”, disse Richard Spirandelli, Diretor da Messe Brasil, organizadora do evento, destacando a importância da realização de feiras como a Metalurgia para unir compradores e fornecedores.
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Puxadas pela eletrificação, as montadoras têm investido alto na modernização de suas fábricas e na eficiência de seus processos, em busca de uma produção mais sustentável de ponta a ponta. Nota-se pelos investimentos mais recentes das montadoras, como a Stellantis, que acabou de anunciar R$ 2,5 bilhões para a produção de veículos híbridos no Rio de Janeiro, ou a GWM, que anunciou R$10 bilhões para a produção de elétricos no interior de São Paulo. Isso exige uma transformação de toda a cadeia produtiva.
“O grande mercado consumidor da indústria de fundição é a indústria de automóveis. E com a entrada desses veículos elétricos teremos um impacto grande. Tanto tratores como ônibus, linha de pesados, quando essa linha entrar para a elétrica, eu acredito que a indústria de fundição vai passar a utilizar outros metais, alumínio, por exemplo”, comenta Spirandelli.
Neste sentido, para Vinicius Torres dos Santos, engenheiro sênior da Termomecânica, o mercado de fundição vai precisar se adaptar a essas novas demandas, incluindo materiais. “O mercado está manifestando que vai pedir outros materiais, ele tem manifestado que vai querer produtos mais verdes”.
Além disso, as metas de descarbonização fazem com que as montadoras invistam em tecnologias e fornecedores que atendam às suas demandas de sustentabilidade. Incusive, para Spirandelli, esta edição da feira se destacou nas soluções para o meio ambiente, eficiência energética, e também em softwares de simulação para a indústria de fundição.
Com corredores cheios e um público ansioso para conversar pessoalmente com seus fornecedores, ver os lançamentos e as inovações dos últimos anos, a 12ª edição da Metalurgia recebeu 18 mil visitantes de 17 estados brasileiros e de países como Argentina, Paraguai e Peru. No local, estavam expostos oportunidades de conhecer equipamentos, produtos, serviços, tecnologias e soluções inovadoras apresentadas pelos 210 expositores nacionais e estrangeiros dos Estados Unidos, Itália, Espanha, Inglaterra, Argentina, Turquia, China e Rússia.
Para Christian Dihlmann, Presidente da Associação Brasileira da Indústria de Ferramentais (Abinfer), feiras, missões internacionais e intercâmbios são as melhores formas de se atualizar e fazer novos negócios. Para ele, esses encontros pessoais são importantes para os negócios e se tornam fundamentais para compreender a maturidade do setor, dos fornecedores e, consequentemente, da própria organização do comprador/visitante.
Cacídio Girardi, Presidente da Associação Brasileira de Fundição (Abifa), concorda. Para Girardi, a feira não apenas oferece um espaço para networking, troca de informações e integração, mas também representa uma oportunidade para as indústrias progredirem.
Girardi enfatiza que a feira superou as expectativas, apresentando equipamentos de última geração com tecnologia avançada, competindo globalmente. Os equipamentos exibidos na feira também estão sendo exportados para outros países. Além disso, a Metalurgia oferece aos fundidores a chance de introduzir seus produtos nos mercados interno e externo.
A expectativa é que a Metalurgia 2023 gere aproximadamente R$ 300 milhões em negócios nos próximos 18 meses. O valor esperado quase alcança as expectativas da última edição, em 2018, quando eram esperados R$ 350 milhões em negócios.
Já a Rodada de Negócios realizada durante o evento resultou em cerca de 400 reuniões, envolvendo 140 participantes de 15 empresas compradoras, entre Tupy, ArcellorMital, Ciser, Romi e WEG, e 50 fornecedoras, com a expectativa de gerar R$ 25 milhões em negócios nos próximos 12 meses.
A qualificação do público também foi destacada, com 35% dos visitantes ocupando cargos de diretoria, gerência e proprietários. As áreas de maior interesse incluíram máquinas e equipamentos, fundições, automação industrial e controle de processos. Setores como autopeças automotivas e linha agrícola estiveram bem representados.
A Metalurgia 2023 também incluiu uma extensa programação voltada para o aprimoramento profissional. Além dos workshops oferecidos pelos expositores, o evento sediou o Congresso de Tecnologia para Não Oxidáveis, promovido pela Inox do Brasil, e o CINTEC Fundição, um Congresso de Inovação Tecnológica realizado pela plataforma online Doutor Fundição.
A carência de profissionais capacitados para a indústria também motivou o SESI SENAI a estimular a educação e a formação profissional. As organizações desempenharam um papel fundamental ao apresentar o setor de metalurgia e fundição aos jovens e incentivá-los a considerar carreiras na indústria. Em seu estande, o SESI SENAI recebeu cerca de 4 mil jovens, deixando uma impressão duradoura e promovendo o desenvolvimento de uma mão de obra qualificada para o setor.
“Sabemos que Santa Catarina vive um momento que é o franco emprego e queremos mostrar ao jovem que o setor tem muita tecnologia e que pode ser um caminho de sucesso para ele trilhar. Recebemos em torno de 4 mil jovens no nosso estande e, certamente, tocamos de certa forma cada um deles para que possam se conectar à agenda da metalurgia e metalmecânica, ajudando a indústria a ter mão de obra qualificada no setor”, afirma Daniel Aviz, gerente de operações do SESI SENAI Norte Nordeste.
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