Qual o futuro do clima do planeta em que vivemos?

Fonte: Ambiente Brasil - 23/11/07
Foto: Divulgação

Abaixo estão as principais conclusões do quarto informe do Painel Intergovernamental sobre a Mudança Climática (IPCC), destinado aos dirigentes do mundo e que fala em perdas irreversíveis ao meio ambiente. Entre alguns exemplos, estão o derretimento do gelo nas calotas polares, a desertificação rápida de zonas atualmente ocupadas por florestas e o aumento em grandes percentuais do efeito estufa.

A desertificação da Amazônia e o resfriamento da Europa são algumas das alterações possíveis citadas pelo relatório que também prevê a ocorrência de eventos repentinos - como ondas de extinção. O novo documento foi divulgado oficialmente adotado neste sábado, em Valência, na Espanha.

Os especialistas do IPCC, patrocinados pela ONU, pedem mais eficiência no uso da energia em prédios, casas, nos automóveis, defendendo as variedades técnicas solar ou nuclear, consideradas mais limpas. E elaboraram uma síntese de vinte páginas que servirá de referência para os próximos anos em termos de mudança climática, a poucas semanas para a conferência que será realizada em Bali, na Indonésia.

Avaliação científica:

- A mudança climática é "irreversível" e as emissões de gases de efeito estufa provocadas pelas atividades humanas (principalmente pelo gás, o carvão e o petróleo) são responsáveis (em 90%) pelo aumento das temperaturas nos últimos 100 anos (+0,74º C). O CO@ lançado até agora pelas atividades humanas permanecerá ainda por muitos anos na atmosfera, com efeitos para o clima global.

- A temperatura mundial deve aumentar entre 1,1 e 6,4°C em relação a 1980-1999 até 2100, com um valor médio mais seguramente compreendido entre 1,8 e 4°C. O aquecimento será mais importante nos continentes e nas latitudes mais elevadas.

- O nível dos oceanos poderá, segundo as previsões, subir de 0,18 m a 0,59 m no final do século em relação ao período 1980-1999.

- Os calores extremos, ondas de calor e fortes chuvas continuarão sendo mais freqüentes e os ciclones tropicais, tufões e furacões, mais intensos.

- As chuvas serão mais intensas nas latitudes mais elevadas, mas diminuirão na maioria das regiões emersas subtropicais.

- O aumento da temperatura foi duas vezes mais importante no Pólo Norte do que na média mundial nos últimos 100 anos, provocando o derretimento acelerado da camada de gelo.

Principais impactos:

- "A mudança climática antropogênico (de origem humana) e suas conseqüêbcuas podem ser repentinas ou irreversíveis".

- Inúmeros sistemas naturais já estão afetados e os mais ameaçados são a tunda, as florestas setentrionais, as montanhas, os ecossistemas mediterrâneos e as regiões costeiras.

- Até 2050, a disponibilidade de água deve aumentar nas latitudes elevadas e em certas regiões tropicais úmidas, mas a seque deve se intensificar nas regiões já afetadas.

- 20 a 30% das espécies vegetais e animais estarão ameaçadas de extinção se a temperatura mundial aumentar de 1,5 a 2,5°C em relação a 1990.

- A produção agrícola deve aumentar levemente nas regiões de médias e altas latitudes (frias) se o aumento da temperatura se limitar a menos de 3°C, mas poderá diminuir se ultrapassar esse limite. Nas regiões secas e tropicais diminuirão tão logo ocorra um aumento local das temperaturas de 1 a 2°C.

- A saúde de milhões de pessoas se verá sem dúvida afetada pela desnutrição, a morte e as enfermidades vinculadas às ondas de calor, inundações, secas, tempestades e incêndios.

- Nas regiões polares serão reduzidos as geleiras e os bancos de gelo. No polo norte, o banco de gelo poderá desaparecer antes do final do século XXI.

- O aumento do nível do mar ameaçará as pequenas ilhas.

- Na Europa, as inundações, a diminuição da camada de neve e as ondas de calor colocarão em perigo inúmeras atividades econômicas.

Adaptações e possíveis soluções:


- De 1970 a 2004, a emissões de gases de efeito estufa, responsáveis pela mudança climática, aumentaram 70% e, inclusive, 80% no caso do dióxido de carbono (CO2), o mais importante deles.

- Todos os setores econômicos estão envolvidos na redução dessas emissões até 2030.

- As medidas suscetíveis de limitar o aquecimento climático entre +2ºC e +2,5ºC, até 2100 em relação a 1990, terão um impacto inferior em menos dos 3% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2030.

- As energias renováveis terão um papel cada vez mais importante depois de 2030, assim como as reservas de CO2. A atividade nuclear também desempenhará um papel crescente.