Fonte: Abiodiesel - 07/11/07
O biocombustível e outros combustíveis alternativos têm subido de preço, o que faz deles uma opção menos atraente. Isso pode atrapalhar os esforços para conter os preços do petróleo.
Há alguns anos, muitos economistas previam que a alta do petróleo beneficiaria outras formas de energia, como o biodiesel ou a energia eólica, que ficariam mais atraentes financeiramente. Mas, em muitos casos, tem ocorrido justamente o contrário: mesmo com o barril de petróleo perto de US$ 100, algumas alternativas parecem menos atraentes que no passado.
Um dos motivos é que a demanda de energia está tão intensa que o estoque de quase todo tipo de combustível está em baixa, o que aumenta os preços da matéria-prima necessária para fazer muitas das formas de combustível alternativo. Alguns biocombustíveis dependem de produtos agrícolas cuja demanda para alimentos já é alta.
O problema é mais grave para combustíveis alternativos feitos de produtos agrícolas, mas o mesmo vale para energia solar, nuclear e outras fontes.
O biodiesel, um combustível feito de produtos agrícolas como óleo de soja e de palma, era em alguns casos considerado uma opção economicamente competitiva mesmo que o petróleo caísse para US$ 50 o barril, segundo analistas que estudaram o setor.
Mas o preço da matéria-prima do biodiesel deu um salto. O óleo de palma, por exemplo, subiu 90% nos últimos três anos. Isso alterou drasticamente a equação econômica do setor. M.R. Chandran, ex-diretor-presidente da Associação do Óleo de Palma da Malásia, diz que o preço do petróleo teria que chegar a US$ 130 por barril para que o biodiesel de óleo de palma tivesse condições de competir.
Outras alternativas ao petróleo, inclusive algumas relativamente sujas, como o carvão, também se tornaram mais caras. O preço do carvão duplicou nos últimos quatro anos, e o do urânio, um ingrediente crucial da energia nuclear, subiu sete vezes no mesmo período. O custo das células para converter energia solar subiu em conseqüência da escassez de sua principal matéria-prima, o silício.
"As metas de custos com certeza mudaram", de modo que as alternativas ao petróleo perderam força, diz Peter Tertzakian, principal economista de energia da ARC Financial Corp., uma empresa canadense de investimentos.
É claro que muitas outras formas alternativas de energia tiveram um progresso considerável nos últimos três anos, e o petróleo estaria mais caro se esses outros combustíveis não estivessem disponíveis. Nos últimos anos, a Ásia e outras partes do mundo desembolsaram bilhões de dólares para construir novas usinas de energia nuclear e de liquefação de gás natural. O consumo de energia solar e eólica também aumentou bastante.
A produção mundial de álcool combustível aumentou 25% entre 2004 e 2006, quando chegou a 51,1 bilhões de litros, e a capacidade para produção de biodiesel dobrou para 6,1 milhões de toneladas durante o mesmo período (ainda assim, os dois juntos só representem 1% da oferta mundial de combustível para transporte). Os biocombustíveis - e também o petróleo da antiga União Soviética e do Brasil - prometem responder por boa parte do novo suprimento de combustíveis fora da Organização dos Países Exportadores de Petróleo no ano que vem, segundo a Agência Internacional de Energia.
Talvez mais importante seja o fato de que somas imensas de capital de risco foram investidas em fontes alternativas de energia desde 2004, aumentando a probabilidade de que os avanços tecnológicos ajudem a baixar os preços nos próximos anos.
Mesmo assim, a recente alta dos preços da energia alternativa, assim como crescentes dúvidas quanto à sua sustentabilidade ambiental, estão forçando os países a repensar seu compromisso com essas formas de combustíveis. Alguns começaram a questionar se realmente irão exercer um papel tão grande no futuro, como se esperava inicialmente.
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