O Prêmio Valor Inovação Brasil 2022, a mais relevante publicação de inovação do país, realizado pela Strategy& – consultoria estratégica da PwC – e pelo jornal Valor Econômico, indica as principais práticas adotadas por empresas e tendências para o futuro. Se, de um lado, a pesquisa que resulta na premiação mostra que muito ainda precisa ser feito para que o mercado brasileiro seja mais competitivo, de outro revela que práticas inovadores estão cada vez mais consolidadas dentro das empresas. E a tendência é que, aos poucos, ganhem maiores dimensões.
“O que a gente vê, se pegarmos um histórico da pesquisa nos últimos anos, é que a nota média das empresas participantes têm aumentado de maneira consistente. Isso significa que as empresas têm tratado a inovação com foco maior do que vinha sendo no passado. Significa que a gente já atingiu o patamar ideal? Longe disso. Mas mostra que o tema vem ganhando protagonismo dentro da agenda dos líderes dessas empresas”, avalia Jacques Moszkowicz, sócio da Strategy&.
Leia mais: Confira entrevista exclusiva com Jacques Moszkowicz, sócio da Strategy&.
A pesquisa avaliou as práticas de inovação de companhias que atuam em 25 diferentes setores, entre eles o de Bens de Capital, e foram premiadas as 150 empresas mais inovadoras do país. O tema do ano, discutido em mesa redonda no evento de premiação, realizado em julho, foi 5G e a revolução nos modelos de negócio.
Os relatos confirmam o papel estratégico da inovação para os negócios, além dos benefícios obtidos pelas empresas. As dez primeiras colocadas do ranking foram premiadas com o troféu Valor Inovação Brasil.
Continua depois da publicidade |
A pesquisa avalia, de maneira consistente e sistemática, as práticas de inovação das empresas que atuam no Brasil em diferentes atividades econômicas. As participantes precisam ter pelo menos 5% de participação privada em seu capital e receita líquida no Brasil acima de R$ 500 milhões em um dos dois últimos anos fiscais.
Alto investimento e novos modelos de negócio
No setor Bens de Capital, as três primeiras colocadas foram Embraer, Weg e Nidec Global Appliance. Em 2021, a Embraer havia ficado em primeiro lugar geral na premiação. Mantendo-se no ranking, agora na terceira posição geral e primeira no setor, a empresa afirma que o “desenvolvimento integrado de soluções da Indústria 4.0 tem sido um dos destaques dentro da companhia, com prioridade de pesquisa e investimentos”. A Embraer calcula que, em média, investe 6% da sua receita global em P&D e Inovação. Em 2021, 51% da receita da companhia foi proveniente de inovações realizadas nos últimos cinco anos.
Com relação aos novos modelos de negócios, um exemplo de inovação adotado pela Embraer é o Beacon, a primeira solução de manutenção agnóstica incubada pela EmbraerX, projetada para auxiliar a manutenção de aeronaves de todos os tipos, de qualquer fabricante.
“O Beacon é uma plataforma digital de negócios criada para conectar profissionais e empresas do ecossistema de serviços aeronáuticos. A plataforma está inicialmente focada em fornecer soluções para interrupções não planejadas de manutenção de aeronaves, gerando ganhos para todos os stakeholders: companhia aérea, provedores de manutenção, mecânicos e passageiros”, explica a empresa por meio da assessoria de imprensa.
Em 2021, o Beacon atingiu 65 mil casos de interrupções com necessidade de manutenção rápida e não planejada atendidos, em 2.400 aeronaves, com mais de 1.300 membros ativos e presença em mais de 190 aeroportos.
Já a Weg foi eleita pela oitava vez consecutiva uma das empresas mais inovadoras do Brasil pelo Prêmio Valor Inovação 2022. Segunda no ranking do setor de Bens de Capital, ficou com a quarta colocação geral.
Para Rodrigo Fumo Fernandes, diretor Global de Inovação Tecnológica da WEG, além de grandes investimentos, é necessário manter a cultura de desafios e pessoas que busquem o diferencial na empresa. “Inovação está diretamente relacionada com a inquietude, isto é, busca constante de melhoria, competitividade e crescimento. Desta forma, para promover a inovação é necessário ter dentro da corporação pessoas que sejam inquietas, curiosas, que desafiem o status quo diariamente e sejam os intraempreendedores”, enfatiza o diretor.
Outro destaque é a Nidec Global Appliance, que subiu duas posições no ranking de Bens de Capital e ficou na 52ª no geral em 2022. Detentora da marca Embraco, a Nidec é uma referência global na produção de compressores para refrigeração comercial e residencial.
“Essa liderança tem sido mantida há várias décadas devido a uma forte cultura de inovação que é reconhecida por prêmios como o Valor Inovação. Na atual conjuntura, o setor de refrigeração, um dos mais importantes e que traz enormes benefícios para a sociedade, precisa inovar constantemente para garantir melhores e mais modernas formas de preservação de alimentos, remédios e demais produtos que necessitem de armazenamento em temperaturas controladas”, exemplifica o porta-voz da Nidec, Guilherme Almeida. “Atualmente, nossa estratégia de inovação de produtos está focada em três importantes pilares: eficiência energética, miniaturização com alta tecnologia e uso de refrigerantes naturais”, complementa.
Para que esta cultura se consolide, a Nidec destina anualmente 4% da receita líquida para projetos de Pesquisa e Desenvolvimento. “Essa estratégia garante, já há alguns anos, o reconhecimento da Nidec Global Appliance como uma das empresas brasileiras com maior número de patentes vigentes (atualmente são 1.050), além do fato de que no último ano, 2021, lançamos mais de 400 produtos ao aplicar cerca de 80% do orçamento destinado à P&D”, conta Almeida.
Programas internos também são implementados para garantir maior inovação. Um deles é o Círculo de Controle de Qualidade (CCQ), em que os colaboradores se reúnem em grupos para identificar e pensar melhorias e soluções para desafios de suas áreas e atividades. “Em 2021, contabilizamos mais de 400 grupos inscritos, que implementaram em torno de 12 mil projetos de melhorias. Vale destacar também que nossos 5 mil funcionários no país são estimulados, por meio de nossa cultura, a inovar para se diferenciar. Acreditamos que qualquer pessoa pode, e deve, inovar, não estando limitado a uma área ou grupo de pessoas dentro da organização”, finaliza o porta-voz.
Notícias relacionadas
