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A teoria surgiu na década de 90, com o especialista Michael Hammer, que criou um sistema administrativo para gerar competitividade das empresas no mercado. Era simples: reorganizar suas atividades e processos para mudar o jeito de fazer negócios. A doutora em Engenharia de Produção na área de Logística e professora efetiva dos cursos de logística do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN), Karla Motta, explica que, segundo Hammer, para terem sucesso as organizações devem identificar as competências que as diferenciam das demais, e se concentrarem no seu aprimoramento contínuo.
“Para realizar as demais atividades necessárias ao funcionamento da organização, devem procurar prestadores de serviços especializados em contabilidade, advocacia, limpeza e também logística, por exemplo, para terceirização. Deste modo, é possível ter uma performance de excelência em tudo o que faz, diferenciando-se no mercado e se mantendo competitiva”.
Um exemplo é a Starrett, empresa americana que fabrica máquinas, ferramentas e utensílios de corte. O processo de terceirização foi dividido em três fases. A primeira envolveu estudos, definição de modelo operacional e fiscal, testes, precificação, o desenho do projeto em si, as mudanças necessárias e o início da operação. Tudo isso, em dois anos. A segunda parte, que durou seis meses, foi dedicada à criação do posto avançado, da terceirização in house, da implantação de um inventário cíclico e da ampliação do modelo de transferência e recebimento de produtos.
“Para o modelo de operação adotado pela Starrett, manter a equipe de logística interna é garantir a inteligência dos negócios em nossas mãos deixando assim a operação por conta do parceiro, mantemos a sinergia entre as equipes em busca dos resultados esperados e mantendo os indicadores saudáveis”, explica Raguinal Fabiano Leite, gerente de Logística da Starrett.
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Desde esse processo, iniciado há cinco anos, a empresa aumentou em 200% o volume da operação. Para isso, conta com um Centro de Distribuição em Hortolândia que ocupa uma área de operação de quase 5 mil metros quadrados e 13 metros de verticalização, mais de 60 colaboradores próprios e de terceiros, uma média de 12 mil itens de controle e parcerias com os principais players de entrega do mercado. Hoje, a logística atende 100% do território nacional e mais de 40 países, com performance de 97% de entrega.
“Com a inclusão de novos produtos nas linhas de produção, a fábrica precisava de espaço físico para atender esse aumento de produtividade. Portanto, buscou uma solução estratégica de transição do armazém da fábrica para o centro de distribuição. Além disto, esta mudança estratégica possibilitou que a Starrett direcionasse mais investimentos em negócios. Existe um vale de conhecimento entre a transformação do produto e a logística. A indústria tem como principal drive de rentabilidade a venda de produtos. Já as operadoras de logística, tem o serviço como principal drive de negócios”, aprofunda o gerente.
Apesar de ser uma teoria quase antiga, na prática era um processo ‘oculto’ aos olhos do consumidor até pouco tempo, e ficou mais evidente com a modernização dos canais de vendas e do serviço de rastreamento das compras, e que agora pode ser feito quase em tempo real na maioria das vezes.
“A evolução da comunicação, por meio dos portais de internet e plataformas digitais, foi uma grande impulsionadora da terceirização e da quarteirização de serviços logísticos. Quando realizamos uma compra on- line, muitas vezes estamos nos comunicando com uma empresa quarteirizada, que recebe os pedidos feitos pelo consumidor final e repassa às distribuidoras, que possuem em diversas localidades os estoques dos produtos das indústrias situadas em locais específicos”, lembra a professora do IFRN.
Karla explica que, na terceirização, uma indústria poderá contratar uma transportadora para levar seus produtos aos clientes em vez de ter uma frota própria, que requer pessoas, infraestrutura e conhecimentos especializados em uma área que não é essencial ao negócio. “Contar com este serviço sem despender recursos e esforços é um dos grandes benefícios da terceirização. Outro, é poder utilizar os serviços na medida das necessidades, evitando custos decorrentes de recursos sem uso contínuo”, completa.
Já a quarteirização é a delegação da gestão administrativa das relações com os demais prestadores de serviços terceiros, parceiros ou mesmo fornecedores. “Assim, a organização se relaciona com apenas uma empresa, que gerencia suas relações com todas as demais que a atendem, reduzindo esforços, contando com os serviços que necessita e ganhando um ativo fundamental: tempo para aplicar nas suas competências essenciais”, complementa a especialista.
Vale reforçar que, para aproveitar o melhor da terceirização da logística, é importante compreender que se trata de um processo de delegação de responsabilidades, com a necessidade de ser continuamente monitorado. “Assim, é possível acompanhar a satisfação dos clientes com relação ao serviço prestado pela empresa terceirizada e obter os benefícios da escolha”, detalha Karla.
A especialista explica que a perda do sigilo sobre a carteira de clientes e do controle direto sobre o nível de serviços prestados nas entregas, pode ser um exemplo de desvantagem. “Para reduzir esse risco, no momento da seleção dos fornecedores de serviços terceirizados, é importante observar aspectos como a estrutura da contratada, tempo de experiência e os investimentos que faz na atualização tecnológica e de formação das equipes”.
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