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A alta dos preços de insumos e de matérias-primas atingiu o setor industrial de modo inesperado em março. A última Sondagem Especial feita pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que o aumento dos custos de insumos e matérias-primas nacionais superou as expectativas de 71% das empresas, na média da indústria extrativa e de transformação, e de 73% no caso específico da indústria da construção civil. Foram ouvidas 1.842 empresas, sendo 744 pequeno porte, 660 médio porte e 438 de grande porte.
Entre as que dependem de insumos importados no seu processo produtivo, 58% das empresas na indústria extrativa e de transformação e 68% na construção relatam aumento de preços acima do esperado.
O gerente-executivo de Economia da CNI, Mário Sérgio Telles, explica que a pressão sobre os preços coincide com a invasão da Ucrânia pela Rússia, que, além da grave consequência humanitária, também prejudicou as cadeias de suprimento.
“O conflito e as sanções impostas à Rússia acentuaram o problema das cadeias de suprimentos, gerando gargalos no fornecimento de insumos e energia, além de barreiras ao sistema de logística internacional. Esse fato provoca atrasos e interrupções no fornecimento de insumos, além da excessiva elevação de preços, como temos visto”, explica.
Em cinco setores, o aumento generalizado dos preços nacionais surpreendeu mais de 80% das empresas. São eles: Produtos de Borracha, Biocombustíveis, Metalurgia, Veículos automotores e Produtos de Limpeza. A alta de custos nos insumos importados superou as expectativas de 100% das empresas de biocombustíveis, de 94% das indústrias de produtos de borracha, de 75% do setor de impressão e 73% da indústria química.
43% das indústrias pretendem trocar fornecedores estrangeiros por nacionais
As dificuldades e os atrasos nas cadeias de suprimentos começam a gerar uma reconfiguração na produção das indústrias brasileiras. De acordo com a pesquisa da CNI, 40% da indústria geral (extrativa e de transformação) e 54% da indústria da construção que dependem de insumos importados pretendem mudar a estratégia de aquisição de insumos e matérias-primas e buscar fornecedores no Brasil. Entre as empresas que já compram no Brasil, 43% da indústria geral (extrativa e de transformação) e 50% da indústria da construção afirmam que buscam outros fornecedores no país.
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A parcela de empresas nacionais que busca por fornecedores alternativos fora do país é de 18% na indústria extrativa e de transformação e de 3% na construção civil.
A proporção de empresas na indústria extrativa e de transformação que preveem normalização da oferta de insumos e matérias-primas, ainda em 2022, foi de 39%. Em outubro de 2021, 80% das indústrias acreditam na reestruturação das cadeiras produtivas neste ano. O percentual de empresas da indústria geral e da indústria da construção que esperam normalização apenas em 2023 é de 25% e 36% para produtos nacionais e 31% e 45% para importados.
Também chama a atenção o percentual de respostas “Não sei/prefiro não responder” sobre as expectativas de normalização das cadeias de suprimento, o que sinaliza as dificuldades na definição de previsões diante do contexto atual.
Veja abaixo a análise completa do assunto com o gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo.
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