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Passados exatos 43 anos, os rios da Amazônia serão palco de uma nova aventura industrial que promete ser uma quebra de paradigma na comercialização e industrialização do açaí, o produto amazônico que vem ganhando o mundo. Em 1978 durante 53 dias duas plataformas navegaram 25.000 km até a Vila de Munguba (Almeirim) no Pará, distância equivalente à metade da circunferência do globo terrestre, saindo do Japão e chegando na Amazônia depois de atravessar 3 oceanos. Na época a demanda por celulose era tão grande e valiosa que o megaempresário americano Daniel Keith Ludwig apostava no Projeto Jari, parecendo valer a pena tamanha ousadia e investimento. Se na época ainda não se pensava em sustentabilidade, hoje passado quatro décadas o projeto da balsa-fábrica é todo pensado nesse sentido.
O projeto foi apresentado na Suframa em novembro de 2020 pelo presidente do grupo Bertolini, Irani Bertolini e passado apenas 6 meses, em tempo recorde saiu do papel, com os testes de navegabilidade já realizados neste mês de maio. Um dos focos desse projeto segundo o grupo Bertolini é garantir a sustentabilidade da produção e, para isso, prevê o tratamento de resíduos industriais – tais como resíduos de biomassa e comuns -, bem como o tratamento de efluentes e a captação de água dos rios e transformação em água potável, dentre outras iniciativas.
A rota de produção da balsa-fábrica será nas calhas do rios Solimões, Japurá, Juruá, Purus e Madeira. Além do diferencial do uso de energia solar, a fábrica também vem com outra inovação sustentável, que é a inclusão de uma ETE (Estação de Tratamento de Efluentes). Possuindo capacidade técnica de tratar cerca de 15 mil litros de rejeito por hora. com o diferencial da qualidade da água retornada ao rio sendo maior do que quando é captada para o uso na fábrica.
Com a chegada da balsa-fábrica nas comunidades, a figura do atravessador é praticamente eliminada da cadeia comercial tradicional do açaí, já que todo o açaí processado será comprado diretamente de fornecedores que atuam nas comunidades dos rios em que a balsa/fábrica navegará. Com isso espera-se aumentar a renda dessas comunidades ribeirinhas em até 300%, alcançando R$ 5 milhões anuais de compras de fruto direto.
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Segundo dados da CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento), a região norte responde por 92,1% da produção total do fruto no país. O mesmo levantamento aponta que a indústria do açaí produziu 1,6 milhão de toneladas avaliadas em torno de R$ 3,03 bilhões em 2020.
A parceria com o Grupo Valmont é estratégica, porque além do grupo ter expertise mundial na agricultura de precisão, possui uma divisão no setor de energia solar que é líder no uso em projetos agrícolas.
A balsa-fábrica foi projetada para o processamento diário de 20 toneladas de frutos e 12 toneladas de polpa congelada de açaí. A estrutura de 2 mil metros quadrados utiliza uma série de painéis solares para ter o seu funcionamento garantido – além de geradores a diesel e baterias B-box para armazenamento de energia para uso posterior.
Essa autonomia energética, foi o que tornou o projeto extremamente complexo, afirmou o presidente da Valmont Solar, Fabio Yanagui, por ter um sistema totalmente off-grid, ou seja, sem ligação elétrica e completamente baseada em painéis, com armazenamento de baterias. Sendo um projeto pioneiro no país.
Com isso as baterias tiveram um importante papel no desenvolvimento do projeto, e a BYD, maior fabricante mundial de baterias de fosfato de ferro-lítio e de veículos 100% elétricos e gigante do mercado fotovoltaico foi escolhida para compor o projeto. O diretor de marketing Adalberto Maluf esclareceu que a BYD participou desde o inicio do projeto da Balsa-Fábrica, “estamos satisfeitos em fazer parte dessa solução, que contribui com a preservação da floresta e com a geração de renda para os moradores locais”, declarou Adalberto Maluf.
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