Fapesp destinou mais de R$ 1 bilhão para pesquisa científica e tecnológica em 2019

A FAPESP desembolsou em 2019 R$ 1,26 bilhão no fomento a 24.806 projetos de pesquisa, 14.363 deles contratados em exercícios anteriores e ainda em andamento. Os 10.443 projetos novos, contratados no período, corresponderam a 42% do total das pesquisas financiadas, como demonstra o Relatório Anual de Atividades da FAPESP 2019.

“Os resultados apresentados neste Relatório reiteram o papel cada vez mais relevante que a FAPESP ocupa no cenário da pesquisa nacional e internacional, ao mesmo tempo em que demonstram o protagonismo cada vez maior dos pesquisadores de São Paulo no cenário da produção científica global”, diz o presidente da FAPESP, Marco Antonio Zago.

Do total do desembolso, 43% foram destinados ao pagamento das diversas modalidades de bolsas, no país e no exterior, a graduandos, doutorandos, pós-graduandos, entre outros. Mais da metade das bolsas vigentes (60%), foram contratadas em anos anteriores e cerca de 40% eram novas.

Com os Auxílios à Pesquisa, a FAPESP despendeu R$ 717,2 milhões: 58% no financiamento de projetos em andamento e 42% com projetos novos, de acordo com o Relatório de Atividades 2019.

Metade de todo o desembolso, mais precisamente R$ 630,5 milhões, foi direcionada a pesquisas básicas e aplicadas, voltadas para o avanço do conhecimento. Trata-se de um portfólio de pesquisa ambicioso, com financiamento em longo prazo, desenvolvida no âmbito de projetos que envolvem equipes multidisciplinares e várias instituições de pesquisa, como os Temáticos e os Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPIDs), entre outros projetos de grande impacto para a ciência e para a sociedade, como novos tratamentos para o câncer, técnicas para melhorar a qualidade de transplantes, criação de órgãos em impressão 3D e a descoberta de efeitos de substâncias candidatas potenciais a medicamentos para diversas doenças, entre outros descritos no Relatório.

Pesquisa para alavancar a inovação

Na perspectiva da inovação, a Fundação destinou 9% dos recursos desembolsados à pesquisa desenvolvida em colaboração por universidades e empresas, em iniciativas como as dos Centros de Pesquisa em Engenharia/Centros de Pesquisa Aplicada (CPEs/CPAs) e do programa Pesquisa para Inovação Tecnológica (PITE), além de oferecer apoio a startups e pequenas empresas inovadoras no âmbito do programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE).


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Os CPEs/CPAs, que articulam equipes de pesquisas de universidades e institutos de pesquisa e de empresas parceiras em torno de um projeto comum por um período de até 11 anos, seguem um modelo igualmente inovador de cofinanciamento, envolvendo a FAPESP, a empresa e a instituição-sede do Centro, o que permite alavancar os investimentos em pesquisa.

Três novos Centros de Pesquisa em Engenharia, constituídos em 2019 em parceria com a Equinor, Koppert do Brasil e Grupo São Martinho, instalados, respectivamente, na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), na Universidade de São Paulo (USP/ESALQ) e na Universidade Estadual Paulista (Unesp/FCAV de Jaboticabal), deverão mobilizar, nos próximos cinco anos, mais de R$ 133 milhões para o financiamento de investigações nas áreas de reservatórios de produção de petróleo, controle biológico de pragas e fitossanidade em cana-de-açúcar, somados os recursos da FAPESP, a contribuição das empresas e a contrapartida econômica das instituições-sede.

Os sete Centros que já estavam em operação em 2019, criados em parceria com cinco empresas – GlaxoSmithKlein, Natura, Peugeot-Citroën, Embrapa e Shell –, injetarão, no período de cobertura dos acordos, um total estimado de R$ 72,8 milhões em 119 projetos de pesquisas em áreas estratégicas para o desenvolvimento. Entre estes projetos destacam-se os testes de gás natural veicular (GNV) em um veículo híbrido movido a gasolina, realizados pelo Research Centre for Gas Innovation (RCGI), constituído em parceria com a Shell e sede na Escola Politécnica da USP, e as pesquisas sobre fungos e bactérias que podem tornar a agricultura resiliente às mudanças no clima, realizados pelo Centro de Pesquisa em Genômica Aplicada às Mudanças Climáticas (GCCRC), na sigla em inglês), em parceria com a Embrapa e sede na Unicamp. O Relatório descreve como detalhes as atividades dos 10 Centros.

No âmbito do PITE, que também utiliza o modelo compartilhado de financiamento, 25 empresas colaboravam em 99 projetos em andamento em universidades e institutos de pesquisa. A relação de empresas e os valores investidos também estão detalhados no Relatório de Atividades 2019.

No caso do PIPE, o apoio da FAPESP a startups e pequenas empresas inovadoras tem caráter de subvenção. Em 2019, a Fundação investiu R$ 89,3 milhões em 1.435 projetos em andamento, mais da metade deles (794) contratados em períodos anteriores. Desde a criação do programa, em 1997, pequenas empresas e startups de 144 municípios de São Paulo já tiveram projetos apoiados.

O Relatório também dá detalhes de alguns dos 1.024 projetos desenvolvidos no âmbito de nove programas de Pesquisa em Temas Estratégicos, que procuram dar respostas a desafios que se colocam para o desenvolvimento do Estado de São Paulo e do país, tais como bioenergia, biodiversidade, mudanças climáticas, políticas públicas, entre outros, aos quais a FAPESP destinou R$ 75,4 milhões (6% do total) em 2019.

Modernização da infraestrutura de pesquisa

A Fundação também investiu R$ 121,4 milhões (9,7% do desembolso em 2019) na modernização da infraestrutura de pesquisa das universidades – sempre estimulando o uso compartilhado de equipamentos de pesquisa –, além de promover a divulgação dos resultados das investigações desenvolvidas para um público amplo, contribuindo para aumentar o protagonismo da ciência e da tecnologia na vida das empresas e dos cidadãos.

A divulgação da ciência é parte da missão da FAPESP que, em 2019, contou com recursos da ordem de R$ 18 milhões. Os resultados deixam claro que a pesquisa científica ganha visibilidade cada vez maior para o público e para a imprensa. Projetos apoiados pela FAPESP tiveram, ao todo, 32 mil citações na mídia nacional e internacional – um aumento de 58% em relação a 2018 – e as plataformas on-line da FAPESP registraram 14,6 milhões de acesso no período, de acordo com o Relatório de Atividades. A repercussão na mídia dos conteúdos publicados pela Agência FAPESP de notícias, revista Pesquisa FAPESP, boletim Pesquisa para Inovação, entre outras ações de divulgação.

Cooperação em pesquisa

Em um recorte horizontal no portfólio de projetos apoiados, o Relatório de Atividades destaca a cooperação em pesquisa nacional e internacional. Em 2019, a FAPESP apoiou 6.082 projetos desenvolvidos em colaboração: 2.907 foram cofinanciados – em um total de R$ 138,7 milhões – e 3.175 projetos, financiados exclusivamente pela FAPESP, receberam R$ 177,1 milhões.

Foram firmados 42 novos acordos de parceria para pesquisa, 28 dos quais com organizações internacionais e 14 com organizações nacionais, num total de 231 acordos de cooperação vigentes no ano.

Os números apresentados no Relatório de Atividades evidenciam o compromisso da FAPESP com a colaboração internacional, no esforço para aprimorar a qualidade da pesquisa realizada em São Paulo, potencializar e ampliar seu impacto internacional: em 2019, a Fundação tinha parceria com 188 organizações de 36 países, de todos os continentes (107 instituições de ensino superior e pesquisa, 57 agências de fomento, 16 agências multilaterais e 8 empresas), tendo realizado 34 chamadas conjuntas de propostas com 28 delas, além de duas edições da FAPESP Week, em Londres, no Reino Unido, e em Lyon e Paris, na França.

A forte articulação internacional contribuiu para que São Paulo sediasse o 8º Annual Meeting 2019 do Global Research Council (GRC) – realizado no Brasil pela primeira vez. Organizado pela FAPESP, pelo Consejo Nacional de Investigaciones Científicas e Técnicas (Conicet), da Argentina, e pela German Research Foundation (DFG), da Alemanha, o encontro reuniu lideranças de agências de fomento de 50 países dos cinco continentes.

Avaliação dos programas

A FAPESP segue empenhada no aprimoramento dos mecanismos de avaliação dos resultados e do impacto de sua política de fomento, de forma a ampliar a efetividade das ações.

As avaliações envolvem, desde 2019, questionários detalhados dirigidos aos pesquisadores e às instituições outorgadas, mas também contemplam grupos de controle com proponentes que não foram atendidos com os auxílios e bolsas.

O Programa PIPE, por exemplo, já passou por duas avaliações: uma quando o programa completou 10 anos e outra por ocasião dos 20 anos, em 2017. Ambas mostram que o PIPE estimulou os investimentos em P&D de empresas, contribuiu para que os projetos financiados se traduzissem em inovação e em produtos patenteáveis e elevou os patamares médios de faturamento e de emprego.

A Fundação também busca aprimorar o sistema de avaliação por pares na seleção de projetos. Iniciou em 2019 projeto-piloto que utiliza ferramentas de inteligência artificial para a seleção de assessores ad hoc. Além da simplificação administrativa resultante, essa abordagem tem o mérito de aumentar o espectro de pareceristas, com a inclusão de pesquisadores mais jovens no processo de avaliação.

O recurso para o financiamento desse conjunto de iniciativas da FAPESP tem origem na transferência de 1% da receita tributária do Estado pelo Tesouro Estadual à Fundação, conforme determinação da Constituição paulista.