Fonte: Gazeta Mercantil - 27/09/07
O presidente da subsidiária da Petrobras, Sérgio Machado, disse que aguardará até novembro a redução dos preços no mercado interno. Passado esse prazo, fechará contrato para não atrasar as obras dos navios, seja com a Usiminas ou no mercado internacional. Já a siderúrgica, no final do mês passado, estimava um desfecho somente em março.
As negociações no exterior começaram em razão da urgência de levar adiante o programa de renovação da frota, que já deveria estar na segunda fase. A revelação foi feita durante um acalorado debate entre o diretor de Transporte Marítimo da Transpetro, Agenor Cesar Junqueira Leite, e o diretor técnico do Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS), Rudolf Bühler, durante a segunda edição da Niterói Fenashore.
Depois de ouvir do representante das siderúrgicas que a negociação entre a Transpetro e a indústria local do aço ainda não tinha começado - "é um movimento preparatório, ainda não começamos a negociação", disse Bühler - o diretor da Transpetro se irritou. "É preciso esclarecer algumas coisas aqui. A primeira é que começamos o processo de negociação sim no País. Há algum tempo começamos. Outra é que não vamos buscar qualquer usina, mas sim siderúrgicas capacitadas. E já estamos negociando no mercado internacional".
Bühler havia dito também que um ponto a favor do aço nacional era a qualidade e a garantia. Já no exterior, se houver algum problema com a qualidade, disse ele, "vai virar sucata".
Os preços das chapas grossas nacionais para estaleiros, segundo estudo da Transpetro, chegaram a um preço 57% maior do que no mercado internacional entre 2005 e 2006. Os navios precisarão de 420 mil toneladas de aço. A capacidade instalada da indústria brasileira é de 1,8 milhão de toneladas.
Bühler justifica custos mais elevados por causa de encargos trabalhistas, câmbio e condições de financiamento menos favoráveis do que no exterior. Também argumenta que os preços mais baixos do aço na Coréia refletem a larga escala de produção. O consumo de aço para as encomendas da Transpetro será da ordem de 100 mil toneladas por ano, nos próximos quatro anos, enquanto os estaleiros coreanos consomem 2 milhões de toneladas de chapas grossas.
Os argumentos de Bühler não agradaram Leite nem a alguns presentes na platéia, como o secretária de Desenvolvimento de Niterói, Jandira Feghali. "Trabalhamos com seriedade, estudamos muito, conhecemos a cadeia do aço. Se vocês estão pensando que estamos começando agora, não estamos. Sou profissional respeitado", disparou. "Essa conquista, de construir navios aqui no Brasil, não pode nos tornar reféns da própria indústria nacional", argumentou Jandira. Mesmo com o frete, os estaleiros pagam cerca de 40% menos quando importam, segundo um caso relatado por ela.
Já Fernando Coutinho, representante dos estaleiros, avalia que a importação de aço causaria transtornos nos prazos de entrega, com riscos, inclusive, de oxidação das chapas. "Temos convicção que a Transpetro e a indústria nacional saberão chegar a um acordo", afirmou.
kicker: "Essa conquista, de construir navios aqui no Brasil, não pode nos tornar reféns da própria indústria nacional".
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