Fonte: Carbono Brasil - 22/08/07
O final de semana foi marcado na Europa por protestos em prol de ações contra as mudanças climáticas. Em Londres, manifestantes invadiram o aeroporto de Heathrow em protesto contra a construção de uma terceira pista de decolagem, enquanto que, nos Alpes suíços, um grupo de 600 pessoas posou nua para as lentes do fotógrafo Spencer Tunick.
Ontém pela tarde os últimos 50 protestantes foram removidos pela polícia britânica de um dos aeroportos mais movimentados do mundo. Com o enfraquecimento do protesto no Heathrow, uma outra vertente do grupo de manifestantes bloqueou a principal entrada da usina nuclear de Sizewell B, nos arredores de Londres, na cidade de Suffolk.
Os protestos no aeroporto começaram há seis dias e reuniram cerca de 500 pessoas que são contra a construção da terceira pista e um sexto terminal, o que aumentaria o número de vôos de 473 mil para 710 mil por ano. O número atual de vôos já é responsável pela emissão de 31 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2).
Integrantes da Associação de Pilotos Britânicos pediram um encontro para a realização de “diálogos de paz”. “Nós gostaríamos de chegar a um entendimento em comum sobre as emissões de CO2 dos aviões. Aeronaves não são grandes poluidores, viagens aéreas não são a fonte de emissões que cresce mais rapidamente e a maioria dos vôos, se comparados com outros modos de transporte, são verdes”, disse o presidente da Associação, o capitão Mervyn Granshaw.
Os manifestantes, claro, discordaram. “Nós estamos mais do que felizes em discutir a ciência das mudanças climáticas com qualquer um, nas agora nos deparamos planejando a direção das ações de amanhã. Depois da manifestação, nos encontraremos com eles”, disse um dos líderes, Ben Healey.
Paralelo a isso, a alguns quilômetros de Londres, um grupo de 600 voluntários posou nu para uma instalação do artista Spencer Tunick nas Geleiras Aletsch, na Suíça. “Sem as roupas, o corpo humano é vulnerável, exposto, é vida ou morte no conjunto dos elementos. O aquecimento global está despindo nossas geleiras e deixando nosso planeta inteiro vulnerável a climas extremos, enchentes, aumento do nível das marés, diminuição da capacidade global de produção de agriculturas, falta de água limpa, doenças e deslocamento de massas humanas”, informou o Greenpeace ao divulgar a notícia.
Se as mudanças climáticas continuarem no ritmo atual, a maioria das geleiras da Suíça irão desaparecer por completo em 2080, deixando apenas vales e picos de pedras a mostra. Nos últimos 150 anos, as geleiras dos alpes tiveram uma redução de aproximadamente um terço do seu tamanho na superfície e metade da massa e o processo de derretimento está acelerando. A geleira de Aletsch retraiu 115 metros em apenas um ano, de 2005 a 2006.
Conhecido ao redor do mundo pelas suas fotografias, Spencer Tunick quer que as pessoas saibam que o aquecimento global não é um assunto abstrato, mas uma ameaça perigosa com efeito para todos.
“Eu quero que minhas imagens entrem fundo na pele. Eu quero que os observadores sintam a vulnerabilidade da sua existência e como isto está intimamente ligado a sensibilidade das geleiras de todo o mundo”, disse.
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