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O programa do governo suíço que busca o intercâmbio com cientistas e pesquisadores brasileiros de ponta - e a inserção destes no mercado de trabalho - vai muito bem, obrigado. Ferramenta primordial para a construção de uma maior aproximação entre Suíça e Brasil no campo da cooperação científica e tecnológica, o Academia Industry Training (AIT) já está em sua quinta edição e continua apostando no potencial de inovação brasileiro, apesar do período de incerteza política e econômica vivido pelo país nos últimos anos.
"Através do AIT e de outras iniciativas, as conexões entre a Suíça e o Brasil nas áreas de pesquisa, inovação e educação seguem firmes", diz João Silveira, manager de Projetos de Inovação e Startups na Swissnex Brazil, que executa o programa em parceria com Universidade de Saint-Gallen (HSG).O AIT é promovido pela Secretaria de Estado da Educação, Pesquisa e Inovação da Suíça e, no Brasil, tem o apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Ainda em curso, o AIT 2018 terá sua fase final em abril, quando os pesquisadores brasileiros selecionados pelo programa participarão de um trabalho de campo na Suíça: "O AIT tem promovido a ligação entre ideias inovadoras e o mercado. Nesta quinta edição tivemos a participação de dez iniciativas brasileiras e dez suíças nos mais variados campos, como medicina, agricultura, energia, construção e educação. Tivemos êxito em catalisar o contato desses cientistas-empreendedores com mentores altamente especializados e em promover a aproximação deles com centros de inovação de grande destaque no Brasil", avalia Silveira.
Quando o AIT começou, o Brasil vivia, no que diz respeito aos assuntos relacionados ao setor de Ciência, Tecnologia e Inovação, um momento de quase euforia que motivou a própria inauguração de um escritório da Swissnex no Rio de Janeiro. Mas, após um período no qual o país viveu a chegada com força da crise econômica, o afastamento de um presidente e um processo eleitoral polarizado, esse interesse não teria diminuído? A própria Swissnex garante que não.
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"O Brasil é a maior economia da América Latina e principal parceiro comercial da Suíça na região. Há uma perspectiva de recuperação dos indicadores econômicos e o ecossistema de startups brasileiras é fértil e criativo. Além disso, o Brasil ocupa um lugar de destaque na produção científica mundial em termos de publicação de pesquisas científicas e possui centros de pesquisa de relevância internacional como a Fiocruz e Embrapa, apenas para citar dois exemplos", diz Silveira.
Seguindo este raciocínio, a relação da Swissnex com os cientistas brasileiros se torna cada vez mais diversificada, sobretudo no que diz respeito aos jovens. Daí a importância da parceria com universidades como a PUC-RJ e a UFRJ, entre outras instituições, por intermédio de suas agências de inovação: "As melhores universidades da América Latina estão no Brasil. Independente das incertezas políticas ou econômicas, a relevante produção acadêmica brasileira continua a demandar conexões entre as inovações acadêmicas e o mercado", afirma o manager.
Na atual edição, o AIT conta com a participação de startups de base tecnológica que tocam projetos em áreas como Big Data, FinTech e AgroTech, entre outras. Os vinte cientistas empreendedores selecionados entre brasileiros e suíços são pesquisadores de mestrado, doutorado e pós-doutorado.
Nanotecnologia contra a artrite
O período de treinamentos e networking no Brasil foi coroado no final do ano passado com a apresentação pública dos vinte projetos selecionados. Em um evento aberto e gratuito realizado no Instituto Europeo di Design no Rio de Janeiro, uma plateia com mais de 100 pessoas ligadas ao setor de CT&I escolheu como três projetos vencedores os realizados pelo suíço Etienne Jeoffroy, da EHT de Zurique (1º colocado) e pelas brasileiras Ana Ferronato (IFFluminense, 2º colocado) e Fabiana Noronha (UFSC, 3º colocado).
Idealizadora do TechPain, processo que utiliza a nanotecnologia no tratamento da dor crônica causada pela artrite, Fabiana Noronha fala sobre a importância de ter seu projeto selecionado pelo AIT 2018: "Essa oportunidade nos proporcionou treinamento intensivo e de excelência em empreendedorismo com profissionais altamente qualificados em suas áreas de atuação. Através de oficinas e palestras sobre planos de negócios, mercado, estratégias de financiamento e muitos treinamentos de pitch, nós obtivemos um maior entendimento sobre como levar nossa pesquisa da bancada do laboratório da universidade até o mercado", diz.
A ampliação da rede de contatos no Brasil e na Suíça é ressaltada por Fabiana: "Foi possível ampliar o conhecimento sobre o ecossistema inovador brasileiro através da visita aos hubs tecnológicos no Rio de Janeiro e São Paulo. Além disso, o contato com outros pesquisadores empreendedores brasileiros e suíços com diferentes projetos e habilidades estimula o processo criativo e o pensar ‘além das fronteiras’, incentivando a colaboração e a criação de novos projetos. A partir do programa e do networking feito com pesquisadores de ambos os países durante a semana de imersão tivemos novas ideias e novos projetos estão sendo desenvolvidos em cooperação".
A expectativa para o trabalho de campo em abril na Suíça é grande: "O treinamento na Suíça vai proporcionar um maior conhecimento sobre empreendedorismo científico internacional e sobre o funcionamento e regulamentação do mercado suíço e europeu. Acredito que será uma grande oportunidade de apresentar, validar e impulsionar o reconhecimento internacional dos projetos e tecnologias de alto nível que vêm sendo desenvolvidos nas universidades brasileiras", diz a pesquisadora.
Nanofármaco brasileiro
O projeto TechPain, idealizado pela brasileira Fabiana Noronha, promete ser uma "revolução do tratamento da dor crônica na artrite" e propõe uma nova forma de tratamento através da nanotecnologia e da experiência personalizada de tratamento ao paciente.
"O produto desenvolvido consiste em um nanofármaco (anti-inflamatório nanoencapsulado, ou seja, transformado numa molécula nanométrica) que é transportado para o local da dor por meio de um dispositivo elétrico portátil e não invasivo que é colocado sobre a pele e aumenta a absorção do fármaco na articulação dolorida", explica Fabiana.
Outra novidade é que o tratamento pode ser controlado pelo próprio paciente através de conexão bluetooth entre o dispositivo e o aplicativo de smartphone: "Isso permite a coleta de dados a respeito da dor do paciente e da usabilidade do dispositivo".
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