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Otimismo é a palavra de ordem quando se fala em futuro elétrico para os automóveis. Praticamente todas as fabricantes despejam agora bilhões de dólares em desenvolvimento, apresentam planos de uma linha completa de carros elétricos – dos pequenos, de entrada, até SUVs de vários portes –, alguns países estabelecem prazos para “banir” veículos com motores a combustão, redes de abastecimento de recarga rápida e ultrarrápida vêm sendo instaladas.
No entanto, existem muitos pontos, pouco esclarecidos, que precisam ser considerados. Não se trata aqui de torcer contra ou a favor, defender posições pessimistas, mas apenas uma boa dose de realidade. Deixemos de lado aspectos técnicos negativos e conhecidos como autonomia, peso, volume e tempo de recarga das baterias, rede de reciclagem após oito anos e valor de revenda. Custos de manutenção são baixos, um carro elétrico é fácil de projetar e construir, resolve o problema de emissões locais, mas não totalmente do CO2 e do efeito estufa, pois depende da fonte de geração de energia elétrica.
Entre as dúvidas eletrizantes, com perdão do trocadilho, estão o real desejo do consumidor em migrar do veículo convencional para um alternativo. Autonomia mínima “garantida” entre 400 e 500 quilômetros é uma das exigências. Recarga também. SUVs pesados recém-lançados, com baterias poderosas de 100 kWh, se não tiverem pontos de abastecimento ultrarrápidos por todos os lados, exigirão três dias e meio em tomadas comuns de 110 volts ou metade deste tempo com 220 V.
O preço é outro problema e talvez o mais sensível. Em recente pesquisa da McKinsey com consumidores da China, Alemanha e Estados Unidos, 60% responderam que não pagariam um valor extra por um automóvel elétrico. Neste grupo mais exigente, metade afirmou interesse apenas se os elétricos fossem mais baratos que os convencionais.
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No site inglês Confused.com, de seguros automobilísticos, 59% dos pesquisados apontaram alto preço como fator mais desencorajador para opção elétrica. Mais de uma resposta era possível: 61% reclamaram da demora para recarregar e 72%, da rede pequena de estações.
A pesquisa mais recente da J.D. Power, com compradores de veículos na Alemanha, mostrou certa apatia em relação ao interesse por elétricos. De modo geral, 74% dizem considerar no futuro a compra de um elétrico a bateria ou por pilha a hidrogênio, híbrido ou híbrido plugável. Vinte e seis por cento dos alemães, 60% dos americanos e apenas 4% dos chineses (incluídos na pesquisa) descartam essa possibilidade à frente.
Entretanto, impressionou à empresa pesquisadora o fato de o número de interessados ter parado de crescer na Alemanha, país com forte viés ambientalista e apesar de enorme publicidade espontânea em torno do assunto, que não sai de evidência na mídia e na cabeça dos políticos.
No fim do relatório, destacou: “Consumidores céticos não compram tanto quanto aqueles que acreditam em um produto ou em sua proposta. Fabricantes têm um desafio ainda maior do que simplesmente construir os melhores veículos elétricos.” A conclusão é que não basta ter oferta abundante se a procura permanece discreta ou hesitante.
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