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Aprovado pelo Senado, o projeto que regulamenta o aproveitamento da energia dos ventos no mar a partir de usinas eólicas offshore já tem previsão de impacto direto na economia do Ceará.
Dos três projetos em desenvolvimento no Brasil hoje, um visa ao litoral de Caucaia e poderá trazer um investimento de 700 milhões de euros (cerca de R$ 3 bilhões) caso o Governo Federal execute um leilão específico para esta modalidade de geração de energia.
A perspectiva foi confirmada por Lúcio Bonfim, sócio da BI Energia, empresa que conta com capital estrangeiro da Itália para operar neste setor ainda não explorado no Brasil.
Mesmo com o título de terceiro maior produtor de energia eólica do Brasil, o Ceará terá avanços caso o projeto seja aprovado em todas as instâncias.
A medida, que ainda deverá passar pela Câmara dos Deputados, possibilitaria uma elevação do aproveitamento da produção eólica, segundo especialistas ouvidos pela reportagem. Isso porque as condições em alto-mar são consideravelmente melhores para a geração de energia.
Segundo Lúcio Bonfim, os parques eólicos offshore têm taxa de eficiência de produtividade acima de 60% do total da capacidade, enquanto usinas instaladas em terra não passam de 45% de aproveitamento.
Essa questão, na verdade, não teria sido nem o foco da análise de viabilidade para o projeto que pode ser implantado em Caucaia. A dúvida seria quanto à taxa do retorno de investimento, que teria plenas condições de sucesso, segundo estudos da companhia.
“O custo para desenvolvimento da tecnologia para parques offshore ainda é grande, mas a capacidade de ventos do mar é bem maior do que nos onshore. Os investimentos também são maiores, mas o que importa é saber se teríamos retorno do nosso investimento e, pelo estudo, nosso retorno seria muito bom”, explicou Bonfim.
Para o executivo, as condições geográficas do Estado ainda possibilitariam um potencial superior ao registrado nos parques offshore instalados na Europa, onde o segmento já está consolidado devido à baixa oferta de terra.
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Nas faixas de implantação determinadas pelo texto aprovado no Senado (entre 22 e 370 quilômetros da costa), a profundidade registrada no Ceará seria mais propícia a esse tipo de investimento comparado aos mares no Velho Continente.
“Aqui, a profundidade dos parques offshore seria de até 17, 18 metros, então já seria mais barato em relação à Europa. Na produção dentro da água, você não tem problemas de desapropriação, ou adquirir terras. Você precisa do licenciamento do Ibama, mas já estamos prontos”, afirma.
A BI Energia quer estar pronta para disputar leilões de energia offshore no fim do primeiro semestre de 2019, caso a modalidade passe a existir.
Apoio
De acordo com o secretário adjunto de Energia, Mineração e Telecomunicações da Secretaria da Infraestrutura (Seinfra), Adão Linhares, a liberação da exploração dos projetos offshore é extremamente benéfica para o Ceará, por abrir mais uma possibilidade de geração de energia.
“É interessantíssimo, até porque na costa do Ceará, as condições são as melhores, então, a gente fica bem tranquilo com relação à perspectiva de também ter a possibilidade de explorar essa fonte”, diz Linhares. “Energia é visto pelo Estado como um insumo de desenvolvimento econômico”.
Competitivo
O secretário aponta que o governo, além de já oferecer subsídios para usinas de energia renovável, dará pleno apoio para promover projetos nesse segmento.
“O objetivo do Estado é ser competitivo, então, nós vamos colaborar. Tudo do projeto em solo, como acesso, facilidade via navios ou porto, e o que for possível, o Estado vai ajudar e dar apoio de infraestrutura”, garante.
Para o consultor Fernando Ximenes, a energia eólica offshore iniciaria uma nova era para o setor no País. “O potencial offshore é gigantesco no Brasil, principalmente pela área litorânea. Aproximadamente 5 mil gigawatts (GW) de potência nominal poderá ser instalado no mar brasileiro”, destaca.
Ele lembra que todas as fontes energéticas do País somam 164 GW instalado de potência nominal.
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