Demanda de materiais de construção em infraestrutura deve ficar para 2020

Grandes fabricantes acreditam em um 2019 positivo, com o setor crescendo até 2 pontos percentuais acima do PIB, mas movimentação de obras importantes ainda deve levar mais tempo

O setor de materiais de construção prevê uma retomada mais consistente em 2019, com crescimento de até 2 pontos percentuais acima do PIB. Segundo gigantes da indústria, construção civil terá destaque já no começo do ano.

“Enxergamos o Brasil de forma positiva e acreditamos na retomada da economia. Acreditamos que a construção civil já vai apresentar movimentação no começo do ano. Em relação a obras de infraestrutura, imaginamos só no 2º semestre de 2020”, declarou o presidente da Gerdau, Gustavo Werneck, em coletiva de imprensa nesta quarta-feira (28).

Na ocasião, o executivo comentou sobre uma reunião da Coalização pela Construção, grupo formado por entidades representativas do setor, com a equipe de transição do futuro governo de Jair Bolsonaro. “Conversamos com Paulo Guedes [futuro ministro da economia] na última segunda-feira e colocamos a necessidade urgente das reformas da previdência e tributária.”

O presidente da Votorantim Cimentos, Walter Dissinger, acredita em um novo ciclo de crescimento para o mercado de cimentos. “O nosso segmento caiu 26% nos últimos quatro anos. Esperamos mudança e crescimento próximo de 3% a 4% de vendas no varejo em 2019. Estamos esperançosos para o 2º semestre, com a aprovação das reformas necessárias no Congresso”, destaca.

O presidente do grupo Tigre, Otto Von Sothen, pondera que o varejo não deixou de crescer mesmo durante a crise e espera um 2019 mais positivo. “Construção civil foi um dos setores mais afetados nos últimos quatro anos. Em 2018, observamos um ponto de inflexão. A Tigre espera crescer de 3% a 4% em volumes e 10% a 11% na receita.”

O diretor presidente da Eternit, Luis Augusto Barbosa, avalia que o ano de 2018 foi de estagnação. “Caiu muito na maioria dos segmentos, varejo sofreu menos. Nesse ano, a empresa passou por uma substituição de tecnologia importante, o amianto foi retirado das telhas, e recuamos por essa necessidade.” 


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Devido à proibição do amianto, a fabricante de telhas e caixas d’água iniciou a substituição de matéria-prima em suas fábricas. “Cerca de 90% da nossa capacidade já tem a nova tecnologia. Das nossas cinco fábricas, quatro já passaram pelo processo”, explica Barbosa. O executivo acredita em uma reação em 2019. “Deve haver um crescimento de 2% a 3% na economia e a construção civil reage rápido. Espera-se que o mercado tenha incremento de 4% a 5% e nós vamos crescer acima disso.”

O sócio-diretor da Ourolux, Carlos Saheli, afirma que a empresa cresceu acima de 10% nos últimos quatro anos. “Houve uma leve redução da economia em 2018, mas ano que vem sinaliza com uma boa perspectiva e estimamos cerca de 20% de crescimento”. 

Joint venture 

Nesta quarta-feira (28), a Votorantim, Gerdau e a Tigre anunciaram detalhes de uma nova empresa para gerir um programa de fidelidade no varejo de materiais de construção. Batizado de Juntos Somos Mais, será voltado para lojistas e profissionais do setor. O programa conta com mais 11 empresas parceiras, incluindo Suvinil, Bosch, Eternit, Ourolux e Vedacit. “O programa está presente em mais de 40 mil lojas. Nossa meta é chegar a 100 mil nos próximos quatro anos”, declarou o presidente da Juntos Somos Mais, Antônio Serrano, durante o evento.A empresa receberá investimentos de R$ 50 milhões nos próximos dois anos. “Será direcionado para marketing e tecnologia”, conta Serrano.

De acordo com o executivo, o objetivo é premiar clientes com equipamentos e cursos que ajudem a qualificar e modernizar a cadeia. “A loja que vender produtos das 14 empresas acumula pontos e recebe prêmios como empilhadeiras e computadores.”