Mercado interno aquecido sustenta alta da produção

Queda nas exportações para Argentina tira um ponto porcentual do crescimento esperado

O avanço das vendas domésticas acima do esperado (leia mais aqui) deve salvar a alta da produção de veículos este ano, compensando quase que todo o impacto da redução nas exportações para a Argentina, que derrubaram as previsões de novo recorde de negócios externos. Ainda assim, a retração dos embarques deve custar quase um ponto porcentual de redução na expectativa de crescimento do ritmo das fábricas em 2018. 

A Anfavea, associação dos fabricantes instalados no Brasil, cortou levemente de 11,9% para 11,1% sua estimativa de expansão na comparação com o volume produzido em 2017. Em novas projeções divulgadas na quinta-feira, 4, a entidade calcula que no ano todo serão fabricadas 3 milhões de unidades, somando automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus. 

O maior corte na projeção de crescimento, de um ponto porcentual redondo, foi para a produção de veículos leves, que caiu de 12% para 11%, com a previsão de produzir 2,88 milhões de automóveis e comerciais leves no País este ano. Para caminhões e ônibus, graças ao aquecimento do mercado interno muito maior do que era esperado, a Anfavea revisou para cima sua previsão de expansão, de 11,3% para 15,7%, com estimativa que sejam produzidos 120 mil caminhões e chassis de ônibus em 2018 (leia mais aqui). 

Janeiro a setembro

No acumulado de nove meses do ano, a produção de veículos nos País soma quase 2,2 milhões de unidades, em alta de 10,5% sobre o mesmo período do ano passado. O número isolado de setembro, com 223,1 mil veículos produzidos, significou expressiva queda de 23,5% sobre agosto e retração de 6,3% na comparação com igual mês de 2017. 

Segundo Antonio Megale, presidente da Anfavea, o recuo brusco verificado entre um mês e outro é explicado por dois fatores: o primeiro é que setembro teve quatro dias úteis a menos que agosto, o que impacta diretamente no total produzido, mas também é resultado da forte queda das exportações. Ainda assim, Megale sustenta que as 223 mil unidades fabricadas, com média de 12,8 mil por dia útil, “é um bom resultado, não é um número baixo”, diz. 


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“Infelizmente vendas internas e exportações não convergiram juntas para o campo positivo este ano. Os fabricantes estão ajustando suas linhas para a nova realidade de queda nas vendas externas, com instrumentos de flexibilização como concessão de férias coletivas. Mas felizmente o mercado interno cresceu mais e não vemos risco de redução do nível de emprego”, avalia Megale.

De fato, mesmo com a redução do ritmo em algumas das linhas, o nível de empregos do setor permaneceu estável entre agosto e setembro, com 132,5 mil empregados, número 3,6% acima do verificado no mesmo mês do ano passado. Segundo Megale, não existem mais funcionários de fabricantes de veículos trabalhando em regime de PSE (Programa de Proteção ao Emprego), com redução de jornada e salários, e no momento 827 pessoas estão em layoff, afastamento com suspensão temporária do contrato por até cinco meses – no fim de 2017 as fábricas reportavam mais de mil trabalhadores afastados e mais de 2 mil em PSE e esse número somado chegou a 38 mil em março de 2016. 


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