Fonte: ABiodiesel - 14/08/07
As chances de o Brasil firmar-se como fornecedor mundial de biodiesel e etanol são grandes. Mas o desestímulo à pesquisa, provocado pelos entraves legais e sociais à biotecnologia, colocam em risco essa liderança. Prova disso é o que ocorre com a pesquisa que busca produzir energia líquida renovável, a partir de algas, que está em desenvolvimento nos Estados Unidos e na Argentina, mas caminha a passos lentos no Brasil.
Após identificarem espécies de algas com características desejáveis para a indústria energética – como alta velocidade de crescimento, alto teor de óleo e carboidratos, adaptação a um espectro amplo de temperatura e acidez do meio, capacidade de fixar nitrogênio da atmosfera, e maior eficiência fotossintérica –, cientistas trabalham para encontrar os genes associados a cada uma dessas qualidades e incorporá-las a um genoma único, por meio de transgenia.
Para se ter idéia do potencial, as algas identificadas como as mais produtivas podem oferecer até 170 toneladas de óleo por hectare ao ano. Para produzir esse mesmo volume de óleo, com outras culturas, seriam necessários 35 ha de dendê ou 280 ha de soja. Com isso, é possível acreditar que uma variedade de alga transgênica pode produzir óleo suficiente para substituir as 40 milhões de toneladas de diesel, com parcos 235.000 ha cultivados.Além do biodiesel, as algas também pode ser matéria-prima para o etanol. Depois da extração do óleo, resta uma espécie de torta com alto teor de sacarose (carboidrato de baixo peso molecular) e celulose (carboidrato de alto peso molecular). Processos similares aos usados nas usinas chega-se ao etanol.
Outra possibilidade é o uso das algas como agentes despoluídores do ar. O gás resultante de processos industriais ou da queima de energia seria injetado na água de criação das algas. Além de despoluir o ar, essa prática geraria um bom volume de créditos de carbono.
Com esse exemplo de pesquisa, até aqui desperdiçada, é possível perceber o quanto o País perde em embargar o desenvolvimento das mais diversas frentes da biotecnologia. Apesar do atraso em relação às algas, o Brasil permanece com todas as chances de se estabelecer como o maior pólo de biocombustíveis do mundo – por suas vantagens geográficas e persistência de seus cientistas. Não devemos contar sempre com isso. Está mais do que na hora de abrirmos definitivamente nossas mentes para algo que só tem contribuído com a evolução do homem e do meio: a ciência.
Gostou? Então compartilhe: