Novo cenário para a indústria moveleira gera oportunidades

Para sustentar o momento de recuperação do setor, fabricantes diversificam estratégias de atuação para ocupar espaços deixados por empresas que não resistiram à crise

Para crescer de 5% a 10% em meio à crise, fabricantes do setor moveleiro estão diversificando a atuação no mercado brasileiro. A forte recessão econômica reduziu o número de empresas, criando espaço para ganho de market share.

“Em momentos de crise econômica, nós reestruturamos nossas estratégias. Surge a oportunidade de buscar novos negócios, porque empresas que se retiraram do mercado abriram espaço”, afirma o vice-presidente da fabricante Grossl, Sérgio Jankowski.

Segundo o Sindicato das Indústrias do Mobiliário de Bento Gonçalves (Sindmóveis), atualmente o Brasil conta com a 12ª maior produção de móveis do mundo em termos de valor. Até 2013, antes da crise, ocupava a 5ª colocação. Jankowski conta que a Grossl, fabricante de abrasivos revestidos (lixas) para a indústria de móveis e madeira, desde o ano passado busca expandir sua atuação no território nacional. “O ano de 2017 foi decisivo para a construção do futuro da empresa. Depois de 35 anos com foco na região Sul, decidimos sair para outros mercados. Para isso, investimos no parque fabril e fizemos contratações.” De acordo com o executivo, a empresa, com sede em Campo Alegre (SC), obteve crescimento no 1º semestre de 2018. “Foi fantástico, o volume de vendas aumentou 11% e a expectativa é de 32% no ano.” A empresa também deu maior espaço ao varejo – segmento que passa por um momento melhor que a indústria – e agregou valor ao produto com serviços. “Trabalhamos com parcerias oferecendo suporte técnico e garantia”, assinala Jankowski.

O gerente de marketing da Arauco, João Casemiro, relata que a empresa teve crescimento no 1º semestre. “Teria crescido mais não fosse a greve dos caminhoneiros. Estamos exportando bastante e esperamos um 2º semestre mais forte, obtendo um crescimento próximo a 10% em 2018.” Casemiro conta que a produtora de painéis de madeira diminuiu o foco em commodities e aumentou o valor agregado do produto, apostando em revestimentos para acompanhar tendências de design de móveis.


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No final do ano passado, a Arauco adquiriu a operação brasileira de painéis da Masisa. “O objetivo da compra foi atingido, que era a junção dos portfólios. O grande desafio era não perder a clientela da Masisa”, revela Casemiro.

Varejo e indústria

A gerente de marketing e produto da divisão de móveis da Rehau, Camila Bartalena, destaca que a empresa tem perspectiva de crescer em 2018, mesmo com a atual instabilidade econômica. “Estamos batendo as metas, acredito em crescimento acima de 6% em relação a 2017. O 2º semestre costuma ser melhor para o consumo.”

A fabricante alemã de polímeros possui uma planta em Cotia (SP) e fornece componentes para a fabricação e acabamento de móveis. “Temos dois tipos de cliente: a indústria e o varejo. Ambos estão se recuperando desde o ano passado, mas o varejo sofreu menos com a crise”, afirma o gerente de projetos da Rehau, Maiquel de Carvalho. Ele conta que a empresa aposta em novos produtos, como um vidro produzido de polímero para peças de móveis.

Camila aponta que a manufatura do setor está se movimentando. “Já há uma maior produção. As fabricantes estão cotando compra de máquinas, demonstrando vontade de investimentos e se preparando para uma retomada maior no próximo ano.”

O analista de marketing da SCM, Roberto Lopes, avalia que o setor volta a caminhar em 2018. “A procura existe, tanto do pequeno marceneiro até dos grandes clientes, nas duas pontas da cadeia.” Fabricante de máquinas para a produção moveleira, possui uma planta em São Bento do Sul (SC). “Percebemos que as empresas querem investir em novos produtos, a retomada do consumo puxa a manufatura”, diz Lopes. Ele afirma que a empresa manteve-se forte na crise ao unificar suas marcas. “Havia várias linhas de produtos que foram aglutinadas sob a marca CSM. Esperamos crescer em 2018, as exportações aumentaram.”

A diretora da Feira Internacional da Indústria de Móveis e Madeira (ForMóbile), Liliane Bortoluci, vê recuperação do setor desde setembro. “Muitas empresas que não vieram na última edição retornaram, o que traz uma expectativa positiva após anos de mercado parado.”


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