Brasil começa a dominar cadeia da produção de superímãs

O IPT produziu as primeiras amostras de tiras da liga didímio-ferro-boro, usada para fazer os superímãs.

Primeiras tiras de liga didímio-ferro-boro obtidas - a espessura e composição química das tiras têm efeito direto no bom desempenho dos superímãs. [Imagem: IPT]

Didímio

O Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) de São Paulo, produziu as primeiras amostras de tiras da liga didímio-ferro-boro, um componente essencial para a produção dos chamados superímãs.

Esses ímãs de alto rendimento são usados em discos rígidos, motores de carros elétricos e geradores eólicos.

Com as tiras, os pesquisadores poderão avaliar todos os parâmetros do processo de fabricação, rumo à definição da microestrutura ideal da liga.

"Em uma fase posterior de produção de superímãs, essas tiras serão moídas, e os grãos devem possuir parâmetros adequados de tamanho da fase magnética e distribuição de didímio em seu contorno," explicou o pesquisador João Batista Ferreira. "Essas características, relacionadas à microestrutura das tiras, dependem de diversos fatores, como a velocidade de resfriamento, composição química da liga, temperatura e fluxo de escoamento do metal."

Matéria-prima para superímãs

O objetivo do projeto, que tem prazo final em outubro de 2018, é o domínio do processo de obtenção de ligas otimizadas, que possam ser comparadas em termos de qualidade às importadas, atualmente únicas disponíveis para produção de superímãs.

O didímio metálico puro foi obtido pela primeira vez no Brasil em 2016, como resultado deste mesmo projeto.

"O que estamos fazendo, na verdade, é o desenvolvimento de know-how de uma etapa importante da cadeia. Sem as ligas com microestrutura e composição adequada, não é possível produzir um bom ímã. Conhecendo os parâmetros, poderemos fazer a transferência de tecnologia para empresas que desejem produzir em escala industrial, com matéria-prima nacional, e assim poder concorrer com o quase monopólio chinês deste mercado," disse João Batista.

Microestruturas de uma tira de liga didímio-ferro-boro, observando-se o tamanho da fase magnética (cor clara) e a distribuição do didímio (cor escura). [Imagem: IPT]


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Cadeia nacional de superímãs

O projeto é fruto de uma parceria do IPT com a Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM), empresa que explora a maior mina de nióbio do mundo, em Araxá (MG).

O IPT tem também parcerias com a Weg, fabricante de motores elétricos, transformadores e geradores eólicos, e com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), já capacitada para a produção de superímãs a partir das matérias-primas adequadas.

Outra parceria importante está formada com a Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig), que tem projeto de construção de um laboratório-fábrica de superímãs no estado mineiro, contando com transferência de tecnologia do IPT na obtenção do metal didímio e na produção das ligas.

"A ideia é unir os elos no desenvolvimento de uma cadeia nacional de produção de superímãs. É um mercado que deve crescer acentuadamente nos próximos anos, alavancado por carros elétricos e por energias renováveis", finalizou João Batista.