Fabricantes de motos premium vêem retomada e esperam acelerar vendas

O mercado de motos já enxerga uma retomada das vendas para 2018. Porém, com um aumento em torno de um dígito, segundo estimativas das montadoras, as empresas estão realinhando suas estratégias para sobreviver, principalmente no segmento de produtos mais premium.

Há apenas alguns anos, o mercado brasileiro era visto com muito otimismo pelas montadoras que atuam no segmento acima de 500 cilindradas, considerado "premium" no País devido aos preços mais altos. Neste cenário, diversas marcas inauguraram operações locais ou mesmo iniciaram um processo de expansão da rede de concessionárias.

É o caso da Ducati, marca do grupo Volkswagen. Do ano passado para cá, a empresa reduziu o número de concessionárias no Brasil de 11 para 7, apesar de garantir que não houve perda de participação de mercado. "Pelo contrário, nós ganhamos market share e rentabilidade", afirma o CEO da companhia, Diego Borghi.

Segundo a marca, neste ano o mercado de motos de luxo recuou 19%. "Tivemos que reduzir temporariamente o tamanho da nossa cobertura no País", relata.

Diante da postura dos clientes de postergar as compras no segmento de alta cilindrada, a norte-americana Indian precisou paralisar temporariamente a sua operação de montagem (CKD) na Zona Franca de Manaus. "Há cerca de dois meses, tomamos essa decisão puramente por conta dos volumes", conta o diretor geral para América do Sul, Rodrigo Lourenço. A Dafra é responsável pela montagem da Indian no Brasil e, segundo o executivo, não houve demissões. "Houve apenas realocação de mão de obra".

Porém, atualmente a marca está importando modelos. "Esperávamos, em meados de 2015, vender o dobro do volume atual", pontua. Lourenço afirma que os planos para a rede de concessionários da marca também foram adiados.

"Nosso plano era contar com oito pontos de venda neste momento, mas estamos com cinco. Contudo, já temos candidatos para a abertura de três novas concessionárias em 2018", destaca.


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De acordo com o CEO do grupo BMW no Brasil, Helder Boavida, a queda do mercado de motos de alta cilindrada está em dois dígitos. "Mas nós estamos caindo apenas 5%", observa. Conforme o executivo, a BMW Motorrad possui 39 concessionárias no País e a produção em Manaus continua "firme", apesar da retração do mercado. A planta se instalou na região no ano passado. "Tivemos algumas adaptações no ramp up da unidade, mas agora o processo já está normalizado", garante.

Para o managing director da Harley-Davidson no País, Antônio Cantero, a montadora fez o possível para conservar os concessionários. "O ponto-chave da sustentabilidade do nosso crescimento é justamente manter a rede", diz. Hoje, a montadora conta com 21 pontos de vendas.

Retomada

De janeiro a outubro, as vendas totais do mercado brasileiro de motos no varejo totalizaram 708,2 mil unidades, queda de 5% sobre igual período do ano passado. Em 2017, os emplacamentos devem recuar cerca de 4,4%. Para 2018, as montadoras estimam um crescimento do premium em torno de 5%, dizem executivos.

O CEO do grupo BMW prefere não falar de números, mas acredita que o mercado de luxo deva crescer aproximadamente "um dígito" em 2018, desempenho que a BMW Motorrad deve acompanhar. "Estamos lançando novos modelos e continuamos no caminho para consolidar a nossa liderança", diz Boavida.

De acordo com o executivo, a BMW Motorrad possui, atualmente, em torno de 20% de market share no segmento acima de 500 cilindradas. "Já somos líderes neste mercado e a expectativa é elevar nossa participação", pondera.

A Harley-Davidson também acredita que deve ter um bom desempenho no próximo ano. Hoje, a marca tem 17,5% de participação. "Registramos crescimento de 14% nas vendas e devemos encerrar o ano com esse patamar de expansão", comemora o executivo.

Segundo Cantero, a marca conta agora com uma nova política de preços fixos para as duas primeiras revisões do veículo, o que deve fidelizar ainda mais o cliente. Para 2018, a montadora projeta um avanço de 6% localmente. "A matriz vê o Brasil de forma estratégica. O País está no rol que chamamos de mercados core fora dos Estados Unidos", revela.

Apesar das incertezas da economia, o mesmo otimismo é compartilhado pela Indian, que se apoia em novos lançamentos para crescer. "A matriz entende o momento brasileiro e vai continuar apostando no País", assegura Lourenço. Segundo ele, 2018 ainda vai ser de prudência, por se tratar de período eleitoral. "Ainda assim, projetamos expansão de 20%."