Setor metalmecânico terá quatro anos no vermelho

No acumulado de cinco meses de 2017, foram criadas 500 vagas.

A indústria metalmecânica de Caxias do Sul deverá fechar quatro anos consecutivos de queda no faturamento. Durante a apresentação dos resultados do semestre, na manhã de ontem, o presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico (Simecs) de Caxias do Sul, Reomar Slaviero, estimou para este ano recuo na ordem de 3,06%, com faturamento total de R$ 10,77 bilhões. No primeiro semestre o valor deverá ser de R$ 5,38 bilhões. Até maio era de R$ 4,5 bilhões, recuo de 5,5%.

Em 2015, a atividade consolidou declínio de 28,9% e, no ano passado, de 20,9%, acumulando perdas de 43,7%. Quando o valor é comparado a 2013, último ano em que houve aumento em relação ao anterior, com faturamento de R$ 23,6 bilhões, a queda chega a 54%. Em 2010, o setor teve seu melhor resultado, de quase R$ 25 bilhões.

De acordo com o dirigente empresarial, alguns segmentos da atividade estão obtendo números positivos, fato que contribuiu para uma melhora do mercado de trabalho. No acumulado de cinco meses deste ano, o setor criou em torno de 500 novas vagas, com estoque de 33.750 empregos em maio último, bem abaixo dos 55 mil de novembro de 2011.

Embora manifestando otimismo com a mudança de rumo na economia, Slaviero informou que o sindicato tem recebido consultas de vários empresários inclinados a encerrar seus negócios. "Eles querem informações sobre como demitir os funcionários e fechar as empresas. Outros estão abrindo mão de patrimônio próprio para dar continuidade, acreditando na melhora. Quem superar este ano chegará fortalecido em 2018", assinalou. Também informou que há negociações em andamento com o sindicato de trabalhadores para encontrar alternativas para viabilizar a manutenção dos empregos, mas também aliviar a situação das empresas.

O presidente do Simecs enfatizou que o segmento de bens materiais, no qual Caxias se destaca pela produção de veículos para transporte de cargas e passageiros, equipamentos agrícolas e máquinas para manufatura, precisa de recursos públicos para investimentos, pois os bancos privados operam com juros elevados, que inviabilizam negócios. "Precisamos de recursos de fomento, da área pública", reforçou. Também cobrou políticas públicas de transporte que garantam o equilíbrio financeiro das operadoras e a desvinculação da crise política da economia. "Este é o maior sonho", revelou.


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Para amenizar as perdas, Slaviero apontou para a necessidade das empresas investirem em novas matrizes de produtos e de mercado. Disse que o mercado externo é a saída para o setor, principalmente neste momento em que o dólar torna o produto nacional competitivo. No entanto, as exportações do setor fecharam o acumulado de cinco meses de 2017 com declínio de 17% sobre igual período do ano passado.