Lucro da indústria metalmecânica registra queda de 21% em 2016

As projeções para 2017 são de retomada lenta, mas dependente de alguns fatores.

A atividade metalmecânica de Caxias do Sul somou, no ano passado, faturamento de R$ 11,3 bilhões, recuo de 20,9% na comparação com 2015. É o terceiro resultado negativo consecutivo, o que representa variação de 53% em relação a 2013, quando o setor teve vendas de R$ 24 bilhões. "Chegamos ao limite, não há mais como suportar esta situação", desabafou Reomar Slaviero, presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico (Simecs), durante a apresentação do desempenho financeiro de 2016, ano em que o faturamento foi o mais baixo da última década.

A retração se deu nos três setores básicos da indústria local: automotivo, eletroeletrônico e metalmecânico. No automotivo, segmento de maior impacto econômico na cidade e região, a queda no faturamento chegou a 21,5% na comparação dos últimos dois anos. No mercado eletroeletrônico, o recuo foi mais crítico, quase 32%. Sequer as exportações colaboraram: os embarques somaram R$ 2,465 bilhões, recuo de 6,5%.

Além de adiar e, principalmente, suspender investimentos, a indústria reduziu drasticamente o quadro de trabalhadores. O estoque de vagas, que era de 55.224 em janeiro de 2012, caiu para 33.290 em dezembro passado, recuo de 40%. "O número de demissões só não foi maior porque o setor fez uso de ferramentas, como a flexibilização de jornada de trabalho", relatou Slaviero. Desde março de 2014, a cada trimestre, há redução no estoque de vagas formais. Em 2015, o setor fechou 9,2 mil empregos e, no passado, 3,7 mil.

Segundo o dirigente, não há segurança de recuperação destes empregos no curto prazo. Pode, inclusive, haver mais demissões, pois consolidada a expectativa de reação nas vendas, algumas empresas poderão aproveitar o ingresso de recursos para o pagamento das verbas indenizatórias. "Tem várias organizações com pessoal excedente e que não demitem por falta de dinheiro. A capacidade ociosa é muito grande."


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As projeções para 2017 são de retomada lenta, mas dependente de alguns fatores. Segundo Rogério Gava, consultor de planejamento econômico da entidade, apesar do nível de confiança do empresariado ter crescido, as incertezas políticas internas, como o andamento da Lava Jato, e as externas, como o novo governo de Donald Trump, nos Estados Unidos, impedem uma visão mais clara sobre o ano. Ele acredita que a aceleração econômica se consolidará em 2018. "O certo é que 2017 será um exercício de desafios críticos, um ano de transição", expôs.

Slaviero comenta que, fosse considerada apenas a expectativa para o primeiro bimestre e o resultado de janeiro, a estimativa seria de um ano ainda pior. "Mas este período não pode ser considerado como um referencial. Historicamente, o resultado é mais baixo", explicou. Segundo ele, investimentos postergados nos últimos anos não voltarão aos patamares normais rapidamente.