Inovação é chave para setor minerometalúrgico competir no exterior

Inovação e modernização de sistemas, processos e materiais são os elementos necessários para que o Brasil se torne mais competitivo no mercado internacional na área de metalurgia, materiais e mineração, disse o presidente da Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração (ABM), Horacidio Leal Barbosa Filho, que abriu nessa terça (27), no Riocentro, no Rio de Janeiro, o 71º Congresso Anual do setor.

Para sair da crise e enfrentar a concorrência no mundo globalizado, Barbosa Filho diz que o setor nacional de metalurgia, materiais e mineração precisa elevar o nível de competitividade e, para isso tem que ter mais produtividade. “Primeiro temos que acreditar que a gente pode e constantemente se preparar para enfrentar as adversidades”.

Automatização

O presidente defendeu a adoção no Brasil de sistemas automatizados para processamento de aço, por exemplo, como ocorre em usinas no norte da Itália, para ampliar a produtividade, a chamada Indústria 4.0 (conceito de indústria que engloba as principais inovações tecnológicas dos campos de automação, controle e tecnologia da informação, aplicadas aos processos de manufatura). “As empresas estão se reinventando para concorrer com o mundo”, disse. 

Na indústria automotiva, de modo particular, Barbosa Filho chamou a atenção para a utilização de aços de alta resistência que usam nióbio, elemento químico usado como liga na produção de aços especiais e um dos metais mais resistentes à corrosão, que é uma matéria-prima brasileira. “Cerca de 90% e 95% do mercado mundial são produzidos no Brasil”, disse.

Segundo o presidente da ABM, há um movimento em todo o mundo para desenvolver esse aço que aumenta a resistência, diminui a espessura, tem menor gasto de combustível e, em consequência, gera redução de emissões de gases de efeito estufa na atmosfera, além de agregar valor ao produto final. 


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Na área de ferramentas, segundo Barbosa Filho, o Brasil está atrás de outros países. A Alemanha, por exemplo, trabalha com tornos com cinco entradas para performar materiais, enquanto no Brasil muitos desses equipamentos têm apenas uma entrada. “A média de idade dos equipamentos na Alemanha é sete anos; a nossa [média] aqui é de 19 anos. Como você quer concorrer com eles botando dinheiro a adotando coisas mais novas? Tem que fazer o mesmo. Tem espaço para crescer”.

Trabalhador

Barbosa Filho confia que, com essas inovações, o setor metalúrgico, de materiais de mineração brasileiro consiga superar os chineses, um dos principais concorrentes no mercado internacional. Para isso, é precisso investir no processo de respeito ao trabalhador, que é deficiente em outros países. Ele diz que não é fácil trabalhar em uma usina siderúrgica oito ou 12 horas por dia, por exemplo, onde o menor peso é de uma tonelada e a temperatura é acima de 500 graus Celsius.

“O desgaste de um trabalhador desse é diferente de você estar trabalhando em um escritório”. Por isso, ele disse ser preciso que se dê condições ao trabalhador.  “Parte da produtividade passa por um trabalhador satisfeito, bem remunerado, com segurança”. Para concorrer com a China, o presidente diz que “tem que ter inovação, produtividade e funcionários bem formados”.