Ciberataques já ameaçam a indústria

Representante da sociedade de automação palestrou durante o Fórum da Indústria 4.0, realizado durante a 31ª edição da Mecânica, em São Paulo.

Há algumas décadas a segurança na indústria era basicamente referente às possibilidades de incêndios ou ao acesso de pessoas em uma fábrica. Hoje, as preocupações se tratam de um WiFi inseguro, um pen drive infectado com um vírus ou senhas fracas. Na era da Internet das Coisas (IoT na sigla em inglês para Internet of Things), em que pessoas e objetos se comunicam de maneira remota e dispositivos estão conectados à rede, as preocupações em relação à segurança são diferentes das tratadas na década anterior.

Carlos Mandolesi, vice-presidente da International Society of Automation (ISA) na América do Sul - associação sem fins lucrativos reconhecida por desenvolver normas para a indústria de automação em áreas como segurança cibernética, de processos e integração de sistemas empresariais -, conta que as ameaças mudaram com a mesma rapidez que as tecnologias evoluíram. Hoje a preocupação vai além do roubo de senhas bancárias ou acesso a informações sigilosas, mas também ao controle de equipamentos que podem ser hackeados e colocar pessoas em risco.

Durante sua apresentação no Fórum da Indústria 4.0, realizado durante a feira da Mecânica 2016, em São Paulo, Mandolesi lembrou de casos de hackeamentos que foram noticiados em todo o mundo. A exemplo do vírus Stuxnet que invadiu o sistema de controle de uma instalação de enriquecimento de urânio no Irã, em 2010. O vírus aumentou a velocidade das centrífugas, a ponto de danificar os equipamentos. Outro exemplo citado pelo painelista foi o de um malware (programa destinado a causar danos, alterar ou roubar informações, como senhas) que contaminou 27 subestações de energia e três usinas de geração na Ucrânica, em 2015, causando blecaute em todo o País.


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Para Mandolesi a indústria brasileira ainda não sente que essa seja uma ameaça. “Na prática está distante [no Brasil], mas até dentro da América do Sul, já tem países mais preocupados com isso. A indústria brasileira está despreocupada, porém por um lado existe a evolução dos [ataques dos] hackers, por outro lado a indústria não imagina como isso acontece”. Mandolesi entende que a indústria não está preparada para investir em proteção para uma ameaça que não enxergam. “É o como pagar um seguro”, exemplifica e finaliza.