Ajuste de estoques e as exportações elevam confiança do setor industrial

O ajuste dos estoques e a melhora nas vendas externas, devido ao dólar mais favorável, elevaram a confiança dos empresários da indústria neste mês, segundo a Sondagem da Indústria de Transformação, da Fundação Getulio Vargas (FGV). A prévia do Índice de Confiança da Indústria (ICI) indica aumento de 1,1 ponto em relação ao número final de fevereiro, ao passar de 74,7 pontos para 75,8. Na comparação com março de 2015, o indicador caiu 3,6 pontos.

Para o superintendente­adjunto de ciclos econômicos da FGV, Aloísio Campelo, o resultado mostra estabilidade no nível de confiança do empresário. No entanto, considera os dados insuficientes para indicar recuperação sustentável nos próximos meses. Segundo ele, a alta na prévia foi impulsionada por avaliações menos desfavoráveis da situação atual, mas as expectativas continuam sem melhora significativa.

Na prévia, o Índice da Situação Atual (ISA) avançaria 2,3 pontos, para 79,4 pontos, enquanto o Índice de Expectativas (IE) manteria­se estável no nível mínimo histórico, em 72,6 pontos. "Se usarmos a prévia no lugar do resultado final, para os dois subindicadores, e calcularmos a média do trimestre, o ISA subiria de 74,4 pontos para 78 pontos; e o IE cairia de 76,9 pontos para 73,5 pontos do quarto trimestre de 2015 para o primeiro trimestre deste ano", afirmou Campelo.

Na prática, o quadro menos desfavorável do cenário atual não foi motivado por melhora nas condições de demanda, mas por ações dos empresários do setor para se adequarem ao atual contexto negativo da economia. Campelo lembrou que a indústria tem promovido ajustes em estoques desde o fim do ano passado, com bons resultados no início deste ano.

A prévia divulgada ontem (23) sinalizou que o nível de utilização da capacidade instalada teria alcançado 74,3%, 0,7 ponto percentual acima do mínimo histórico da série, registrado em fevereiro. Ao mesmo tempo, a desvalorização do real frente ao dólar tem direcionado o interesse do industrial para o mercado externo, porque o mercado interno não mostra reação expressiva de demanda.


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"O que a prévia sinaliza não é um surto de 'megaotimismo' mas que [a confiança] saiu do fundo do poço", observou Campelo. "Há alguns elementos que levam a indústria a avaliar o momento atual como um pouco mais favorável no primeiro trimestre ante o quarto trimestre, e identificamos essas duas frentes, de ajustes de estoques e direcionamento ao mercado externo.O problema é que as expectativas estão muito ruins."

Segundo ele, caso se confirme o resultado para o IE no resultado final da pesquisa, a ser divulgado dia 31, as expectativas do empresariado registrarão o pior patamar da série, iniciada em 2001.

A prévia indica, segundo Campelo, que houve quadro menos desfavorável nos patamares de confiança dos industriais de bens intermediários, não duráveis, bens de capital e duráveis, mas todas influenciadas pela melhora no cenário de situação atual.


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