Fonte: Guia da Siderurgia - 13/07/07
No ano passado, o Brasil atingiu o índice de reciclagem de 96,2% de latas de alumínio para bebidas e ficou no topo do ranking mundial pelo quinto ano consecutivo. De acordo com a Associação Brasileira do Alumínio (Abal) e a Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alta Reciclabilidade (Abralatas), essas latinhas são o carro-chefe da reciclagem. O país está à frente mesmo de países com legislação rígida sobre reciclagem, como a Dinamarca, Finlândia, Noruega e Suíça, que em 2004 apresentaram índice médio de 88%.
A adesão da classe média é uma das responsáveis. Entre 2000 e 2005, a participação de condomínios e clubes na coleta de latas usadas saltou de 10% para 24%. Soma-se a formação de cooperativas e associações com boa gestão. A participação dessas entidades na coleta passou de 43% para 52% no mesmo período, segundo a Abal.
Contam, ainda, o alto valor do alumínio como sucata e a busca da sociedade por modelos de preservação e a educação ambiental. Além disso, as empresas envolvidas na reciclagem investem mais em tecnologia para aproveitamento da matéria-prima pela indústria. Nos anos 90, eram produzidas 64 latas com um quilo de alumínio. Hoje, são 74.
No Brasil, há muito tempo as latas vazias são misturadas com outras sucatas de alumínio e fundidas para a produção de panelas e outros utensílios domésticos. Em 1991, a Latasa lançou o primeiro programa brasileiro de reciclagem do material. No programa, são usadas máquinas conhecidas como papa-latas, que prensam o metal.
O material é enfardado pelos sucateiros, cooperativas de catadores, supermercados e escolas e repassado para indústrias de fundição. Em seus fornos, as latinhas são derretidas e transformadas em lingotes de alumínio. Esses blocos são vendidos para os fabricantes de lâminas de alumínio que por sua vez comercializam as chapas para indústrias de lata. O material pode ser reciclado infinitas vezes sem perda de nenhuma de suas características.
A reciclagem tanto promove economia de energia quanto geração de emprego e renda. A sustentabilidade, entretanto, ainda é um grande desafio, embora conceitos como responsabilidade social corporativa, ecoeficiência, produção mais limpa e outros sejam amplamente difundidos e discutidos em fóruns variados, técnicos ou políticos. Mas, ao mesmo tempo em que muitas boas idéias não produzem efeito prático, alguns setores já quantificam impactos positivos de ações proativas de longo prazo.
O problema mundial, do lixo urbano - agravado pela concentração populacional em metrópoles e as desigualdades sociais - acarreta inúmeros impactos nocivos. As soluções propostas são variadas, mas o setor empresarial ainda tem dificuldade de adaptação à maioria delas, principalmente pelo trato com as desigualdades socioeconômicas.
O Brasil tem dado exemplo de avanço na área. Mas o grande responsável ainda é agente reciclador, com seu trabalho pouco valorizado, mas de impacto profundo. Graças aos cerca de 500.000 catadores brasileiros, o país alcançou a marca de 10% de reciclagem do lixo urbano, maior índice entre países em desenvolvimento. Mas ainda há muito a avançar e espera-se isso com o marco regulatório da Política Nacional de Resíduos Sólidos, aliando aumento de produtividade, higiene e segurança do trabalho.
Saiba mais sobre reciclagem:
- Cada brasileiro consome, em média, 54 latas de alumínio por ano, enquanto nos Estados Unidos essa média chega a 375 latas por habitante.
- Uma lata desse material demora mais de 100 anos para se decompor na natureza.
- Cada tonelada de alumínio reciclada significa 5 toneladas de minério bruto (bauxita) poupadas.
- O alumínio secundário é originário do reaproveitamento da sucata de processos industriais ou de produtos com vida útil esgotada (como as latas para bebidas) e mantém as características do alumínio primário.
- Ele pode ser reciclado infinitas vezes, sem perder suas características no processo de reaproveitamento, ao contrário de outros materiais.
- Pelo seu valor de mercado, a sucata de alumínio permite a geração de renda para milhares de famílias brasileiras envolvidas da coleta à transformação final da sucata.
- A reciclagem economiza recursos naturais e energia elétrica, pois, no processo, consome-se apenas 5% da energia necessária para produção do alumínio primário, além de oferecer ganhos sociais e econômicos.
- Com a evolução do processo, já é possível que uma latinha seja colocada na prateleira do supermercado, vendida, consumida, reciclada, transformada em nova lata, envasada, vendida e novamente exposta na prateleira em apenas 33 dias.
- A maior empresa recicladora do Brasil é a Aleris Latasa, com sua planta em Pindamonhangaba (SP).
- Em 2005 foram produzidos cerca de 1,5 milhão de toneladas de alumínio primário no país que, durante o ano de 2004, reciclou 270 mil toneladas de alumínio.
- São 2.500 empregos diretos na indústria de reciclagem e 160 mil pessoas envolvidas na coleta de latas de alumínio para reciclagem.
Fonte: Abal/Cempre
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