Randon se ajusta para mercado 50% menor

Fabricante de implementos aposta em exportação e linha leve.

Com domínio de 30% de um mercado que se reduziu quase à metade em 2015, a maior fabricante de carretas do País contabiliza queda de 22% no faturamento e desde o ano passado vem cortando custos para se ajustar ao novo cenário. “Iniciamos em 2014 uma forte gestão de custos para determinar o que estamos fazendo a mais que é possível enxugar. Mas estamos fazendo isso com critério para não inviabilizar o negócio. Não podemos cortar direto, sem ver o que se está eliminando. Contratamos uma consultoria especializada para identificar as oportunidades de melhoria de processos e materiais”, explicou David Abramo Randon, diretor presidente do grupo Empresas Randon, em entrevista a jornalistas no primeiro dia da Fenatran, feira de transporte de cargas que acontece de 9 a 13 de novembro no Anhembi, em São Paulo. 

Randon avalia ser difícil prever qualquer volume para 2016, mas diz que a maioria das estimativas converge para um ano igual a 2015. “Se crescer será superficial, no máximo 3% a 5%”, diz. “Foi um ano extremamente difícil, mas a crise nos faz sair do status de acomodação, pensar em soluções e inovações, ficamos melhor preparados para o próximo ano”, destaca. 

Entre as iniciativas adotadas para melhorar a produtividade, está a centralização das compras para todas as unidades de negócios, que além dos implementos rodoviários também inclui as divisões de autopeças Fras-le, Jost, Master, Suspensys e Caster Tech. “Antes cada um tinha seu centro de compras, com a união de todos eles podemos negociar melhor”, diz Randon. 

Outra medida é a racionalização de processos. Exemplo disso foi o fim da fabricação de semirreboques na planta de Guarulhos (SP), toda transferida para a sede de Caxias do Sul (RS). A unidade paulista ficou só com a linha leve, de implementos montados sobre chassis, uma fatia do mercado que representa menos de 2,5% das vendas da Randon Implementos atualmente, mas que deve dobrar de tamanho a partir de 2016. “É um segmento que caiu bem menos do que o de carretas e temos penetração muito fraca, por isso temos oportunidade de avançar”, avalia o presidente da empresa. 


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As exportações, que ganharam competitividade com a desvalorização do real diante do dólar, também estão na alça de mira, mas Randon explica que no caso de implementos o benefício é limitado. “Isso porque a maioria dos mercados para onde exportamos implementos hoje (América do Sul e África, principalmente) também tem sofrido com a alta do dólar. Claro que o câmbio atual ajuda, mas o efeito será menor”, calcula o executivo. Mas ainda assim ele estima que as vendas externas da Randon Implementos vão crescer em 2016, superando os 16% que representam hoje do faturamento da divisão. 

Randon admite que foi necessário fazer demissões, mas a redução de jornada adotada durante seis meses este ano e o fechamento da porta de entrada, evitando-se novas contratações, “amenizou bastante essa questão”. Ele informa que a empresa atualmente trabalha em turnos completos e que em dezembro deverão ser concedidas férias coletivas em torno de 20 dias. Por enquanto, não está nos planos a adesão ao PPE, Programa de Proteção ao Emprego criado pelo governo que regulamenta a redução de jornada e salários, em parte complementados com verbas do Fundo de Apoio ao Trabalhador, FAT. 

Tecnologia

Para manter a competitividade, os investimentos em pesquisa e desenvolvimento continuam sendo mantidos em torno de 3% a 5% do faturamento líquido. Um dos frutos dessa estratégia é a segunda geração dos painéis Ecoplate, apresentada no estande da Randon na Fenatran. As placas feitas com polímero PVC e alumínio ou aço são usadas na fabricação das laterais das carretas graneleiras ou baús e tiveram redução de peso reduzido de 5% em relação à primeira geração lançada em 2005. Em uma carreta de três eixos com laterais Ecoplate 2 a diminuição total estimada pode chegar a 500 kg. 

Desenvolvida e patenteada pela Randon e moldada com exclusividade para a empresa por um fornecedor, a Ecoplate 2 é 100% reciclável e elimina o uso de madeira na fabricação de implementos rodoviários. Na comparação com baús de alumínio, as placas de PVC com paredes duplas e estrutura de colmeia têm ainda a vantagem de garantir melhor isolamento térmico, protegendo a carga do aquecimento causado pelos raios solares.