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Principal fonte de recursos para investimentos dos fabricantes de veículos e autopeças, o movimento dos financiamentos do BNDES em 2015 retrata com fidelidade o cenário de retração da atividade econômica. Os empréstimos liberados ao setor automotivo pelo banco de fomento brasileiro simplesmente sumiram do mapa este ano. Nenhum novo contrato foi celebrado entre janeiro e agosto, demonstrando que crise adiou ou cancelou novos aportes em fábricas e desenvolvimento de produtos.
O volume de recursos emprestados em operações diretas (as maiores) pelo BNDES para investimentos vem se reduzindo desde o recorde de 2012, quando a instituição injetou R$ 4,4 bilhões em 13 projetos de oito empresas do setor.
Mais da metade do dinheiro liberado em 2012 foi só para o projeto do Polo Automotivo Jeep em Goiana (PE), da Fiat Chrysles Automobiles (FCA), que em dezembro daquele ano tomou R$ 2,4 bilhões do banco como parte do investimento para construir a fábrica pernambucana e desenvolver veículos fabricados lá, complementado exatamente um ano depois com mais R$ 843,5 milhões, totalizando R$ 3,27 bilhões apenas neste empreendimento. Ainda em 2012 a FCA emprestou outros R$ 435 milhões do BNDES para obras de ampliação da planta da Fiat em Betim (MG), tornando-se por larga margem a maior tomadora do ano.
Em 2013 os empréstimos ao setor caíram 22,7%, R$ 1 bilhão a menos, para R$ 3,4 bilhões que financiaram 14 projetos de 11 empresas. De novo a FCA foi a maior tomadora individual do ano, com os R$ 843,5 milhões já mencionados para o empreendimento de Goiana e outros R$ 601 milhões para desenvolvimento de veículos e adequações da fábrica da Fiat em Betim (MG), além de um “projeto de motor etanol de alta eficiência”, segundo consta nos registros.
Portanto, em dois anos a FCA sozinha tomou R$ 4,3 bilhões em empréstimos do BNDES, quase o total das liberações do banco ao setor automotivo em 2012. Talvez por isso a montadora não celebrou nenhum outro contrato em 2014 e 2015 até agosto. O segundo maior tomador no período 2012-2013 emprestou menos de um quarto do valor da FCA: a Volkswagen trouxe R$ 932,4 milhões para financiar projetos em suas fábricas paulistas de São Bernardo do Campo, Taubaté, e São Carlos. Depois vem a Renault, com R$ 563,7 milhões tomados só em 2012, pouco à frente da Mercedes-Benz, que em 2013 emprestou R$ 562,3 milhões do BNDES para reorganizar e ampliar as plantas de Juiz de Fora (MG) e São Bernardo do Campo.
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O tombo veio em 2014, quando a contração da economia começou a se intensificar e o BNDES liberou R$ 750,9 milhões a montadoras e fornecedores, valor em forte retração de 78% sobre 2013. Foram apenas sete projetos e todos os contratos foram celebrados no fim do ano, quatro deles nos últimos dias de dezembro. São empreendimentos que se estendem para 2015, portanto.
No ano passado o maior contrato foi fechado com a Ford, que tomou R$ 195,4 milhões em novembro de 2014 para “desenvolvimento de um novo carro global de entrada e adequação de maquinário na fábrica de Camaçari (BA)”, de acordo com informação do BNDES. O segundo maior empréstimo foi para a Renault, que em setembro de 2014 trouxe R$ 172,9 milhões para financiar seu programa de engenharia para atualização de linhas de produto. E a PSA Peugeot Citroën ficou em terceiro no ranking dos investimentos financiados pelo BNDES, com R$ 142,3 milhões tomados em dezembro, destinados à reestilização de produtos e adaptações para exportações.
Os empréstimos do BNDES destinados a investimentos têm taxas de juros bastante variáveis, em torno de 3,5% a 9% ao ano, dependendo do indexador contratado, com carência de 18 a 24 meses para iniciar os pagamentos e prazos que vão de 54 a 102 meses.
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