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O valor negociado com a importação de bens de capital sofreu uma redução de 14,4% nos primeiros dois meses de 2015, comparativamente ao mesmo período do ano passado, caindo de US$ 8.262,7 milhões para US$ 7.071,6 milhões. Partes e peças para a indústria agrícola e acessórios de maquinaria industrial foram os itens mais impactados, com queda de 31,3% e 24%, respectivamente. O volume financeiro negociado nesses itens corresponde a US$ 33,2 milhões ante US$ 48,3 milhões (partes e peças agrícolas) e US$ 464,9 ante US$ 611,5 milhões (maquinaria industrial). Máquinas-ferramenta registraram baixa de 8,3%, diminuindo de US$ 36,2 milhões para US$ 29,9 milhões. A importação de partes e peças para a indústria também desacelerou 1,5% no período, movimentando US$ 1.395,1 milhões em janeiro e fevereiro de 2015 ante US$ 1.416 milhões em igual período do ano passado.
Os dados fazem parte do boletim Avaliação e Perspectivas da Economia Brasileira, realizado pelo economista e professor do Insper, Otto Nogami, consultor da Associação Brasileira dos Importadores de Máquinas e Equipamentos Industriais (Abimei). O boletim analisa os dados já consolidados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) e Câmara do Comércio Exterior (Camex) até março. O documento destina-se à orientação dos importadores de máquinas-ferramenta e equipamentos industriais associados da Abimei.
O setor vem sofrendo perdas significativas desde 2011, quando apresentou recuperação de 10% sobre o ano anterior. De lá para cá, segundo Ennio Crispino, presidente da Abimei, o ritmo da atividade só vem diminuindo: caiu cerca de 20% em 2012, 20% em 2013 e 7,6 em 2014. Ao mesmo tempo, a produção industrial brasileira teve queda de 2,7% em 2012, pequena alta de 1,2% em 2013 e voltou a cair 3,4% em 2014, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Freios na atividade
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Além do baixo crescimento da indústria, reforçada pelas medidas protecionistas adotadas pelo Governo, como o aumento do imposto de importação de centros de usinagens e redutores e afins, de 14% para 20%, em vigor desde julho passado, o fraco desempenho da economia em geral colaboraram para frear os negócios do setor. “A indústria nacional não possui escala que justifique a fabricação de determinados tipos de máquinas e também, muitas vezes, não detém a necessária tecnologia para produzi-los em suas fábricas locais. Como alternativa, passa a importar máquinas para completar seu portfólio ou a incentivar o retrofiting, que é a recuperação de máquinas usadas”, afirma Crispino.
A queda na produção coincide com estoques elevados e baixa dos investimentos, sendo a última Sondagem Industrial da CNI. Pelo terceiro mês consecutivo, o índice de intenção de investimento sofreu redução: ficou em 47,2 pontos em março, 2,1 pontos abaixo do registrado em fevereiro. A queda acumulada em 2015 já chega a 5,2 pontos, segundo o documento da Confederação Nacional das Indústrias. O corte nos investimentos é maior nas indústrias de grande porte: diminuiu de 57,3 pontos para 54,7 pontos em março, na comparação com fevereiro, ou 2,6 pontos totais. Entre as empresas pequenas, o índice caiu 1,9 ponto (42,4 ante 44,3) e 1,3 ponto nas de médio porte (37,3 ante 38,6).
Tripé macroeconômico
O boletim da Abimei aponta ainda projeções do chamado “tripé macroeconômico” para dezembro de 2015. De acordo com as estimativas do consultor Otto Nogami, a inflação deverá bater 8,13%, a taxa Selic chegará a 13,25% e o câmbio ficará em 3,25. Ao mesmo tempo, o PIB deverá apresentar resultado negativo de 1,01, e a produção industrial cairá 2,5%.
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