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A produção industrial brasileira caiu 0,9 por cento em fevereiro na comparação com o mês anterior, menos do que o esperado mas anulando o ganho registrado em janeiro e com perda generalizada entre as categorias, em um resultado que destaca a trajetória negativa que o setor deve apresentar ao longo deste ano.
Na comparação com um ano antes, a produção despencou 9,1 por cento em fevereiro, 12º resultado negativo nesse tipo de comparação e pior leitura desde julho de 2009 (-10 por cento), informou o Instituto Brasileiro de Geografia a Estatística (IBGE) nesta quarta-feira.
Para completar o quadro de fraqueza no início de 2015, o IBGE revisou fortemente para baixo o resultado mensal de janeiro para uma alta de apenas 0,3 por cento, ante os 2,0 por cento divulgados anteriormente. Segundo o IBGE esse ajuste ocorreu por motivos sazonais relacionados ao Carnaval deste ano e do ano passado. Quando os dados de março forem fechados pode ocorrer nova revisão sobre os números.
"O resultado de fevereiro mostra que o ensaio feito pela indústria em janeiro não se confirmou. Para onde se olha , há uma abundância de dados negativos que compravam a menor intensidade do setor industrial", disse à Reuters o economista do IBGE André Macedo.
Com isso, a produção industrial brasileira acumula nos dois primeiros meses do ano queda de 7,1 por cento, pior resultado para um primeiro bimestre desde 2009 (-16,8 por cento), pico da crise mundial. Agora, a produção industrial está 10 por cento abaixo do pico de produção alcançado em junho de 2013.
"A indústria começa o ano em patamar bastante comprimido, mantendo-se em perspectiva bastante negativa. No que diz respeito ao consumo doméstico, temos dois fatores limitantes ao longo de 2015: o crédito, em franca retração, e o mercado de trabalho, que está cada vez menos amigável", escreveu a consultoria Rosenberg & Associados em nota assinada pela economista-chefe Thaís Marzola.
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Apesar dos números bem ruins, os resultados de fevereiro foram melhores do que a mediana das expectativas em pesquisa da Reuters, de queda de 1,6 por cento na comparação mensal e de recuo de 10,25 por cento na base anual.
Veículos
Segundo o IBGE, a categoria com pior desempenho sobre o mês anterior foi a de Bens de Capital, uma medida de investimento, que registrou queda de 4,1 por cento, segundo o IBGE devido principalmente à menor produção de caminhões, afetada pelas férias coletivas em várias unidades.
Na comparação com fevereiro de 2014, a produção de Bens de Capital desabou 25,7 por cento, resultado mais fraco desde abril de 2009, quando houve recuo de 27,4 por cento.
Dos 24 ramos pesquisados, 11 tiveram recuo, tendo entre as principais influências negativas veículos automotores, reboques e carrocerias (-1,7 por cento).
Em fevereiro, algumas fábricas do país sofreram paralisações devido ao protesto de caminhoneiros contra o alto custo do frete, o que prejudicou o transporte de combustível e insumos por mais de uma semana no fim de fevereiro em diversas regiões.
As perspectivas para a indústria, um dos principais pilares da economia brasileira, não são favoráveis neste ano. O setor enfrenta dificuldades em meio à inflação e juros elevados, e a perspectiva de economistas consultados na pesquisa Focus do Banco Central é de contração da produção de 2,42 por cento, com queda de 1 por cento do Produto Interno Bruto (PIB).
"O baixo nível de confiança do empresário, do consumidor, a demanda lenta doméstica, o mercado de trabalho menos favorável, o crédito mais caro, as famílias mais endividadas e o setor externo adverso são fatores que levam a indústria a ter menor intensidade. Há ainda alguns setores com estoques acima do seu padrão habitual", resumiu Macedo.
As indicações para março já são de fraqueza. O Índice de Confiança da Indústria (ICI) medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV) caiu 9,2 por cento em março, e atingiu o menor nível desde janeiro de 2009. Já o Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) apontou que a produção do setor caiu em março no ritmo mais rápido desde setembro de 2011.
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