CES: ‘A Internet das Coisas não é mais ficção científica, é um fato’, diz CEO da Samsung

Em 2020, todos os produtos vendidos pela gigante sul-coreana terão conectividade.

Chegar em casa, abrir a porta sem usar chaves e encontrar os ambientes refrigerados e com o jogo de iluminação preferido. Deitar para dormir e a televisão escolher a programação mais adequada para uma noite de sono. Pequenos detalhes com o potencial de dar mais conforto à vida estão prestes a chegar ao mercado e prometem, em breve, revolucionar o cotidiano das pessoas. A tecnologia já existe, falta criar soluções que se encaixem no dia a dia do consumidor.

"A Internet das Coisas não é mais ficção científica, é um fato", disse o presidente e diretor executivo da Samsung, Boo-Keun Yoon, em apresentação na noite desta segunda-feira na Consumers Electronics Show, maior feira de produtos tecnológicos do mundo. "A Internet das Coisas requer sensores, poder de processamento e conectividade. A tecnologia para fazer acontecer é real, está pronta, mas precisamos prová-la no dia a dia, encaixá-la no estilo de vida dos consumidores", falou.

E os objetos conectados são a aposta da gigante sul-coreana para os próximos anos. De acordo com o executivo, daqui a dois anos 90% de todos os produtos vendidos pela companhia já estarão prontos para a Internet das Coisas, e, em 2020, o percentual chegará a 100%. Para se ter uma ideia da dimensão desse mercado, no ano passado a empresa comercializou 650 milhões de produtos, o que corresponde a 20 vendas por segundo.

Mas para que esses objetos causem impacto na vida das pessoas, não basta a conectividade, é preciso criar um ecossistema propício, com software, hardware e serviços. Não adianta que os produtos de uma empresa “conversem” apenas entre os equipamentos da mesma fabricante, é preciso um sistema aberto. Essa é a promessa da Samsung.

"Eu estou fazendo uma promessa: todos os nossos componentes e dispositivos de Internet das Coisas serão abertos. Para o sucesso da Internet das Coisas é preciso um sistema operacional único, que funcione para todas as tecnologias", disse Yoon.


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Essa é a mesma opinião de Jeremy Rifkin, presidente da Foundation on Economic Trends. De acordo com o filósofo e pesquisador americano, o mundo está às vésperas de uma mudança de paradigma, com tecnologias e infraestrutura reorganizando a vida das pessoas.

"Estamos embarcando em uma revolução. A internet está convergindo em uma nova rede que vai alterar as indústrias de comunicação, energia e transportes. Novas soluções vão aumentar a eficiência e reduzir os custos marginais para os negócios, mas também para a manutenção dos lares, afirmou Rifkin.

Contudo, existem desafios a serem superados. Além da necessidade de um sistema aberto, é preciso que a Internet das Coisas seja inclusiva e democrática e que diferentes indústrias trabalhem em conjunto, com apoio de governos e da sociedade civil.

Hosain Rahman, fundador e diretor executivo da Jawbone, mostra a importância de sistemas abertos com o exemplo da plataforma Up. A empresa é uma das pioneiras do mercado de pulseiras vestíveis e seu sucesso se deve, em parte, à conectividade do produto. Com a API disponível ao público, a pulseirinha conseguiu atrair uma gama de parceiros que oferecem serviços complementares à medição das atividades físicas.

"A nossa plataforma é aberta. Nós fazemos o sensor, a plataforma e a análise dos dados, mas terceiros oferecem serviços", explicou Rahman.

E as possibilidades com a Internet das Coisas são incalculáveis. Elmar Frickenstein, vice-presidente da BMW, fez uma pequena demonstração do que pode vir a se tornar real em pouco tempo. Em vídeo, o executivo mostrou um sistema que une conectividade e direção autônoma. Ao dizer “BMW, me busque” perto do smartwatch, o carro se dirige sozinho ao local onde o dono está.

"O smartwatch Galaxy Gear já está conectado aos nossos carros. Ele abre e fecha as portas, aciona o ar condicionado. Isso, hoje, imagina o que vai acontecer amanhã", disse Frickenstein.

E o caminho em direção a esse futuro próximo já está sendo trilhado.

"Eu trabalho na indústria há 30 anos e, nesse período, ela mudou muito, mas isso não é nada comparado ao que vai acontecer daqui para frente. Vamos começar colocando objetos conectados dentro das casas, que serão como pequenas ilhas conectadas. Elas vão se desenvolver até se tornarem cidades inteligentes, países inteligentes, o universo conectado" concluiu Yoon.

* O repórter viajou a convite da Samsung.


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