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A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), do empresário Benjamin Steinbruch, anunciou na última segunda-feira (24) a fusão de seus ativos de mineração e logística com a Namisa. A CSN é dona de 60% da Namisa. Os 40% restantes pertencem a um consórcio liderado pela trading japonesa Itochu e com participação das siderúrgicas japonesas JFE Steel, Kobe Steel e Nisshin Steel, da sul-coreana Posco e da taiwanesa China Steel.
Uma nova companhia, que ficará abaixo da CSN, será criada - Steinbruch será sócio majoritário e a expectativa é que a fatia das asiáticas se dilua. Os detalhes de cada participação só serão divulgados após aprovação do acordo pelos conselhos de administração das partes, o que deverá ocorrer até 12 de dezembro. Analistas do BTG estimam que a fatia do consórcio de companhias asiáticas na nova empresa fique entre 15% e 20%. Fontes ouvidas pelo jornal “O Estado de S. Paulo” afirmam, porém, que Steinbruch deverá tentar reduzir ainda mais a fatia de seus sócios.
Esse acordo é considerado estratégico para CSN, pois a combinação dos ativos - especialmente a Casa de Pedra com as minas da Namisa - promoverá redução de custos, com sinergias de produção, logística e comercial. Isso sem contar o ganho de escala, em um cenário com os preços do minério de ferro em torno de US$ 70 a tonelada, com desvalorização de quase 50% no ano, o que já inviabiliza projetos ao redor do mundo. Ontem, as ações da CSN subiram 1,2% na BM&FBovespa.
As minas da Casa da Pedra e da Namisa, juntas, têm capacidade para 60 milhões de toneladas/ano - a previsão é estar a plena carga em 2016. Hoje, operam a menos de dois terços de sua capacidade. Ficará de fora da fusão a unidade Estanho de Rondônia S/A (Ersa), da CSN, que produz matéria-prima para produção de latas.
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O acordo logístico, ainda não muito claro, envolve o terminal de granel da CSN, o Tecar, em Itaguaí (RJ), que exporta minério da CSN e de outras indústrias, além da fatia da siderúrgica na ferrovia MRS, que tem entre os sócios Vale, Usiminas e Gerdau.
Negociações tensas
O acordo foi selado entre os sócios na sexta-feira, após um ano e meio de negociações. O Itaú BBA assessorou o consórcio da Namisa, enquanto o Goldman Sachs aconselhou a CSN.
A CSN tornou-se sócia da Namisa no fim de 2008, em um negócio de US$ 3,1 bilhões. A transação previa, à época, a possibilidade de o consórcio exercer a opção de venda, caso fossem descumpridas determinadas condições. Segundo apurou o Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, atrasos de investimentos (de R$ 1 6 bilhão) e falta de entendimento para o andamento do negócio teriam levado o consórcio a analisar a saída da Namisa.
Essas razões, inclusive, teriam provocado a saída da gigante japonesa Nippon Steel, que fazia parte do negócio, em 2011. O prazo para a opção de saída dos sócios terminou em julho de 2013 mas vinha sendo estendido desde então. Se a parceria fosse desfeita, a CSN teria de devolver o valor do negócio corrigido, o que poderia influenciar no endividamento do grupo.
Em relatório, os analistas do BTG Pactual Leonardo Corrêa e Caio Ribeiro consideram a operação positiva por tirar uma pressão que recaía sobre a CSN, mas ponderam que, com o preço baixo do minério, o fluxo de caixa operacional da empresa está quase que totalmente sendo consumido por despesas financeiras.
"Apesar de não sabermos os termos econômicos do negócio, vemos a transação como negativa. No final, a CSN está entregando parte de um ativo estratégico valioso, que é a mina Casa de Pedra", disse Rodolfo Angele, analista da JPMorgan.
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