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Trabalhando em três turnos no topo da capacidade em duas fábricas, o objetivo da Bridgestone no Brasil é repetir a liderança de mercado que tem no resto do mundo. “Já somos o maior fabricante de pneus do mundo, mas ainda não somos 100% globais. Estamos em primeiro lugar na Ásia e Europa, no Brasil estamos entre os três primeiros (atrás de Pirelli e Goodyear) e em mais 10 temos planos de ser o número um aqui também”, afirma Ariel Depascuali, que este mês se aposenta e deixa a presidência da empresa no País, que assumiu em 2010, transferindo a ambiciosa missão para Fábio Fossen, o atual presidente desde o dia 5 de novembro.
“Para alcançar esse objetivo será necessário construir mais cinco ou seis fábricas no País”, avisa Depascuali, que estima o mercado brasileiro de pneus duas vezes maior do que é hoje daqui a uma década, algo acima de 140 milhões de unidades por ano. “Mas a barreira de entrada neste mercado é grande”, pondera, avaliando em R$ 260 milhões a construção de uma fábrica pequena.
Com faturamento em torno de US$ 1 bilhão por ano no País, a Bridgestone tem duas plantas brasileiras de pneus, uma em Santo André (SP) – inaugurada em 1940 e herdada da Firestone, comprada em 1988 pela companhia japonesa – e outra em Camaçari (BA), que começou a produzir em 2007. O programa de investimento para ambas é de US$ 120 milhões entre 2014 e 2016.
Com os aportes, a unidade baiana vai crescer 30%, passando de 8 mil para 10,1 mil pneus/dia, enquanto a planta do ABC paulista avança 10%, para 26 mil/dia, mas dobra a capacidade de produção de pneus radiais para máquinas agrícolas. Apesar da idade, Santo André é a quarta maior fábrica da Bridgestone no mundo, produz a linha de produtos mais generalista e barata, com 65% da produção destinada ao mercado de reposição e apenas 28% para as montadoras. Já Camaçari, mais moderna, fabrica pneus de alto desempenho e maior valor agregado, enviando 70% deles diretamente às linhas de montagem de veículos no País.
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A expansão da Bridgestone deverá ser pela via do crescimento orgânico, já que não restam oportunidades de compra de grandes concorrentes como aconteceu com a Firestone. Localmente no Brasil a empresa já aproveitou uma dessas oportunidades em 2008, quando comprou a Bandag, recapadora de pneus para caminhões e ônibus com em Campinas (SP) e Mafra (SC). “Com isso adquirimos toda a cadeia de valor de pneus pesados no mercado brasileiro”, diz Depascuali.
Retomada da competitividade
O presidente quase aposentado da Bridgestone reconhece que a indústria brasileira de pneus vinha perdendo eficiência rapidamente, especialmente para produtos importados, mas ele avalia que os investimentos e o plano estratégico adotado nos últimos quatro anos deram novo fôlego à Bridgestone. “Não estávamos preparados para enfrentar a concorrência dos importados mais baratos. Por isso minha missão quando cheguei era recuperar a competitividade. E estamos conseguindo. Somos uma empresa melhor hoje e continuamos melhorando. Recuperamos market share e voltamos a crescer. E com o câmbio favorável também exportamos mais; em 2015 as vendas externas deverão voltar a representar algo como 20% da produção (atualmente são 10%) com o aumento dos embarques para os Estados Unidos”, projeta o executivo.
Ele explica que até este ano a Argentina representava 70% das exportações da Bridgestone do Brasil e o mercado norte-americano apenas 10%. No ano que vem esses porcentuais vão se inverter.
Segundo Depascuali, vários fatores explicam a recuperação da Bridgestone no País. Um deles foi investir em marketing, entre outras ações com patrocínios de grandes competições esportivas como a Copa Libertadores da América e as Olimpíadas do Rio em 2016, além de ampliação da rede de serviços, hoje com quase 600 pontos. O objetivo é criar uma imagem de maior qualidade diante dos produtos importados baratos. “Nosso plano é aproximar a marca cada vez mais do cliente”, afirma o recém-empossado presidente Fábio Fossen.
Outro foco foi a modernização e ampliação das fábricas, com a chegada de maquinário novo mais eficiente e produtivo. Para se ter ideia dessa produtividade, uma nova linha automatizada recém-instalada em Santo André é capaz de montar de três a cinco vezes mais pneus do que outras em operação que já têm 20 anos de operação.
Por fim, foi feito um trabalho para melhorar o clima laboral. Após período de perda de produção e demissões, a Bridgestone voltou a contratar e este ano o número de empregados no Brasil cresceu cerca de 10% em relação a 2013, ou cerca de 300 postos de trabalho a mais, divididos por igual entre Santo André e Camaçari.
A queda no fornecimento direto às fábricas de veículos foi compensada este ano pelo aumento das vendas no mercado de reposição. Em 2015, Depascuali avalia que esse quadro deverá continuar inalterado.
Pneus verdes em alta
Os pedidos dos chamados “pneus verdes”, com maior concentração de sílica em sua composição e menor resistência ao rolamento, estão em alta na planta de Camaçari da Bridgestone, onde a maior parte da produção segue direto para as montadoras de veículos. O produto é fundamental para cumprir as metas de eficiência energética fixadas pelo Inovar-Auto, pois pode baixar o consumo de combustível entre 3% e 5%. Por isso, segundo dados da empresa, 99% dos novos projetos de carros já contemplam a adoção de pneus mais eficientes.
“Dentro de mais cinco anos todos os carros novos no Brasil vão sair de fábrica com pneus verdes”, projeta Depascuali. A aposta é que também aumente o consumo no mercado de reposição, pois com a adoção da etiquetagem de eficiência, segurança e ruído de pneus no País os consumidores estarão mais atentos às vantagens do produto, que ainda custa de 5% a 20% mais caro, dependendo do modelo. A Bridgestone estima que o preço cairá com o tempo, conforme aumenta a demanda e a escala de produção que reduz os custos.
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