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Durante a cerimônia de premiação dos fornecedores da Aliança Renault-Nissan no Brasil, realizada em 28 de outubro passado, a Nissan desafiou os mais de 300 representantes de empresas da cadeia de suprimentos do grupo a antecipar em um ano, de 2016 para 2015, a meta de alcançar 80% de nacionalização para os carros da marca japonesa fabricados em Resende (RJ), planta inaugurada em abril deste ano. “Não vi ninguém chorar por causa dessa proposta”, disse François Dossa, presidente da Nissan no Brasil.
Dossa revelou que atualmente o índice de nacionalização da fábrica brasileira está em 66%. Ele avalia que é fundamental aumentar esse porcentual e utilizar maior número de componentes nacionais no País para tornar a operação competitiva, por dois motivos principais: a escalada da cotação do dólar encarece as importações de componentes, ao mesmo tempo em que é necessário elevar as compras de fornecedores locais para poder abater o valor dos 30 pontos porcentuais extras de IPI determinados pelo Inovar-Auto, a política industrial do governo para o setor automotivo.
“Não estamos só falando de sistemistas, mas também dos fornecedores deles, de segundo nível para baixo, pois (com o sistema de rastreabilidade em vigor) não adianta nada comprar componentes aqui com grande conteúdo importado”, destaca Dossa. Segundo o executivo, no caso da Nissan no Brasil existem várias oportunidades de nacionalização de insumos básico. “Cerca de 50% do aço que compramos vem da Coreia. Podemos comprar aqui, é mais barato quando se considera os custos logísticos envolvidos”, aponta. Ele acrescenta ainda que também há bastante espaço para aumentar as compras no País de peças plásticas e de alumínio.
Com a unificação do departamento de compras da Aliança também no Brasil, Dossa avalia que a integração deve acelerar a nacionalização da Nissan com o uso da base de fornecedores já estabelecida da Renault. “Por exemplo, a Renault já compra aqui 86% do aço que utiliza e tem vários fornecedores que podemos compartilhar”, diz.
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Oportunidade na crise
Com as vendas no mercado brasileiro recuando à razão de 8% a 9% este ano, Dossa avalia que esse cenário pode ser uma oportunidade para o crescimento da Nissan no Brasil. “Todo mundo está se retraindo e nós estamos chegando com novidades, vamos usar isso a nosso favor”, diz o executivo. “Somos patrocinadores da Olimpíada no Rio em 2016, inauguramos fábrica, lançamos o New March em abril passado, estamos apresentando agora o New Versa, iniciamos a atividade do estúdio brasileiro de design. Enfim, aumentamos nossa exposição e vamos no caminho certo para aumentar passo a passo nossa participação de mercado”, elenca.
De janeiro a outubro a Nissan vendeu no Brasil 56,2 mil carros, dos quais cerca de 10 mil são do New March nacional, lançado no fim de abril e há apenas seis meses no mercado. Com a transição do produto importado do México para o feito em Resende, somado ao desaquecimento da economia, o desempenho da marca desacelerou 13% em relação a 2013 e o market share caiu levemente de 2,2% para 2,1%. “Os altos e baixos são normais. Os volumes baixaram no País, mas o importante é que deveremos ganhar participação nos próximos meses. Queremos chegar a 2,5% até abril de 2015 ano e subir para 3,2% no ano seguinte”, projeta Dossa.
Uma das estratégias para alcançar esse objetivo é fazer o número atual de 162 concessionárias crescer gradativamente. “A rede está muito concentrada em grandes cidades, mas onde estamos temos desempenho superior”, afirma Jose Luis Valls, vice-presidente e chairman das operações da Nissan na América Latina. Ele destaca que no Rio de Janeiro a marca tem 4,2% de share, 3,6% em São Paulo e 3,7% em Recife. “Não temos uma meta de abertura de novas lojas, estamos negociando para aumentar a presença em lugares onde ainda não estamos e assim capturar mais vendas”, explica.
Valls diz que a mesma estratégia está sendo usada em outros países sul-americanos para elevar as vendas da Nissan na região. Recentemente a marca inaugurou uma subsidiária no Chile e tem planos de ampliar negócios no Peru, Colômbia e Equador.
O executivo afirma que a Nissan quer replicar na parte sul do continente americano ao menos parte do sucesso que já tem no norte, especialmente no México, onde a marca domina mais de um quarto do mercado e exporta para cerca de 100 países de 80% a 85% da produção das duas fábricas de Aguascalientes, projetada em 800 mil unidades este ano e com estimativa de superar 1 milhão “em mais um par de anos”, segundo Valls. A unidade mexicana é beneficiada pela proximidade com os Estados Unidos, para onde seguem 80% dos embarques de carros para o exterior. Com a demanda em alta, a Nissan decidiu construir uma terceira planta no país, desta vez em associação com a Daimler, para produzir sobre uma mesma plataforma veículos Mercedes-Benz e de sua divisão de luxo Infiniti.
“Usamos o mesmo modelo da fábrica mexicana para construir Resende, muitos empregados foram treinados em Aguascalientes, e a planta brasileira já tem índices de qualidade até superiores”, informa Valls.
Contudo, ao menos por enquanto, Valls reconhece que a prosperidade mexicana não se repete ao sul do continente. “Existem muitos altos e baixos este ano, com crescimento em mercados como Peru e Colômbia e retrações importantes no Brasil, Argentina e Chile. Com isso, este ano deve ser de queda para a região e para 2015 esperamos um ano estável, com os mesmos números de 2014”, diz.
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