PIB cai 0,6% no segundo trimestre e Brasil entra em recessão técnica

Produção de bens e serviços da economia nacional também foi negativa no primeiro trimestre de 2014, em 0,2%, de acordo com correção anunciada pelo IBGE; indústria teve recuo de 1,5%.

O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil sofreu variação negativa de 0,6% no segundo trimestre de 2014 comparado ao resultado dos três meses imediatamente anteriores - informou nesta sexta-feira (29), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em relação ao segundo trimestre do ano passado, a queda foi ainda maior: de 0,9%.

Nesta versão das Contas Nacionais, também foram revisados os dados do primeiro trimestre deste ano: a alta de 0,2%, anunciada em maio, foi corrigida para recuo de 0,2% ante o último trimestre de 2013. Foi revisado para baixo também o terceiro trimestre de 2013, da queda de 0,3% para 0,6%. Esse resultado e o do último trimestre só não foram inferiores ao do primeiro trimestre de 2009, quando a atividade econômica regrediu 1,7%. 

Fica constatada, assim, a recessão técnica da atividade econômica brasileira - embora essa tese não seja unânime (o IBGE, por exemplo, refuta a ideia). De todo modo, a recessão técnica ocorre quando, por duas vezes seguidas, a soma trimestral da produção de riquezas de um país é menor que a obtida anteriormente. Ou seja, na prática, boa parte de economistas e analistas de mercado do mundo inteiro considera agora que o PIB do Brasil entrou em processo de redução. 

A última vez que isso aconteceu foi no auge da crise financeira mundial, entre outubro de 2008 e fevereiro de 2009 - mostra a base de dados do IBGE. As turbulências da economia internacional eram incomparavelmente mais severas que as atuais - ainda que, até hoje, a economia mundial não tenha recuperado totalmente a prosperidade de antes.

Entre as três atividades econômicas componentes do PIB, a indústria teve o pior desempenho no segundo trimestre: queda de 1,5% - é a quarta queda seguida do setor. O segmento de serviços recuou 0,5%. A produção da agropecuária subiu 0,2%. Pela ótica do consumo, o das famílias cresceu 0,3%; e o do governo, caiu 0,7%.

O Brasil alcançou a metade do ano com uma taxa de poupança de 14,1% - quase a mesma do segundo trimestre de 2001, quando o índice ficou em 14,0% do PIB. Esse fator está diretamente ligado à capacidade investimento de um país, por representar o que sobra de dinheiro na economia quando excluímos o consumo das famílias e os gastos do governo. A taxa de investimento até junho foi de 16,5%. Está próxima dos 16,4% do PIB apresentados em período equivalente em 2006.  


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No segundo trimestre do ano, a chamada Formação Bruta de Capital Fixo (representada pela taxa de investimento) caiu 5,3% sobre os primeiros três meses do ano. Comparada ao mesmo período do ano passado, despencou 11,2%. Esse item é o estoque de bens duráveis, como máquinas e equipamentos e investimentos em infraestrutura, destinados a aumentar a produção. 

Cenário

Com esse resultado, o atual governo retoma, em seu último ano de mandato, cenário econômico semelhante ao do primeiro semestre de Luiz Inácio Lula da Silva na Presidência. A variação negativa do PIB no primeiro semestre de 2003, por outro lado, viria a ser revertida para uma taxa anual média de crescimento de 4,0%, conquistada entre 2003 e 2010 - bem acima do ritmo de expansão média de 2,3% por ano do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, entre 1995 e 2002.

O mercado aposta neste ano, mostra pesquisa do Banco Central, em avanço de 0,7% do PIB. Caso isso se confirme, a média de crescimento deste governo será de 1,7%. Na próxima segunda-feira, 1.º, nova consulta a analistas e consultorias será divulgada. Já por 13 vezes consecutivas a expectativa do mercado piorou.


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