Chefe global da GM diz que montadora terá novos modelos no Brasil

“Investir em novos produtos é o motor do sucesso de uma marca e é isso que continuaremos fazendo.” Foi dessa forma que a engenheira americana Mary Barra, chefe global da General Motors (GM), definiu como sua montadora pretende atravessar a crise da indústria automobilística no Brasil.

No dia seguinte ao anúncio feito para a presidente Dilma Rousseff de que a marca vai desembolsar mais R$ 6,5 bilhões no país nos próximos cinco anos, a executiva ressaltou que o novo ciclo de investimentos prevê não apenas a renovação dos carros lançados pela marca nos últimos dois anos, mas também a chegada de novos modelos no mercado brasileiro.

Apesar disso, a GM segue sem anunciar a aguardada produção local de um novo modelo popular compacto, cujo investimento de R$ 2,5 bilhões é disputado pela fábrica da montadora em São José dos Campos, no interior de São Paulo. Da mesma forma, não confirma se vai importar carros da Cadillac, embora Mary Barra tenha reforçado hoje que o plano é transformar mesmo a grife de luxo do grupo em uma marca global — presente em vários mercados e não apenas nos Estados Unidos e na China.

A principal executiva da GM — e primeira mulher na história a assumir o posto de comando mais alto em uma montadora — esteve nesta sexta-feira (15) no centro tecnológico da montadora em São Caetano do Sul, no ABC paulista, para dar uma entrevista coletiva a jornalistas e anunciar o patrocínio da marca Chevrolet à seleção brasileira de futebol.

Assim como ontem, quando atendeu à imprensa após sair da audiência com Dilma no Palácio do Planalto , Mary Barra evitou análises sobre a situação econômica do Brasil, preferindo ater-se às oportunidades de crescimento de longo prazo e, ainda que superficialmente, às estratégias da companhia. Também evitou falar sobre demissões no país, mas não descartou cortes na força de trabalho quando questionada sobre a mensagem que gostaria de passar a sindicatos num momento em que a montadora negocia o afastamento de operários na fábrica de São José. “Os novos investimentos que anunciamos são, na verdade, uma mensagem muito positiva a nossos empregados”, disse.


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Sobre os planos para o futuro, ela repetiu diversas vezes que não tinha nenhum anúncio específico para fazer hoje, mas voltou a dizer que o novo ciclo de investimento inclui o desenvolvimento de novas tecnologias, inclusive para se chegar às metas do Inovar-Auto, o novo regime automotivo que cobra das montadoras a produção de automóveis mais eficientes.

Lembrou que a montadora precisa tentar atender aos desejos do consumidor brasileiro, que, na sua avaliação, incluem design e melhor conectividade dos carros com aparelhos móveis, como smartphones. “Vejo que os consumidores daqui procuram coisas como o MyLink [a central multimídia da Chevrolet]. Quando colocamos isso pela primeira vez num veícu lo, pensávamos que a penetração seria menor”, comentou.

No tema mais delicado da entrevista coletiva, ao ser questionada sobre a série de recalls anunciado s nos últimos meses pela marca — incluindo um defeito de ignição relacionado a pelo menos 12 mortes —, Mary disse que o caso trouxe lições valiosas ao grupo.

Ela lembrou da investigação conduzida pela companhia para apurar o que originou a falha e argumentou que os processos da GM melhoraram desde a época em que esses carros foram produzidos. Cerca de 15 milhões de veículos — entre modelos fabricados desde 1997 — já foram incluídos no recall convocado por conta do defeito na ignição dos carros, que fazem os veículos desligarem do nada. Autoridades americanas investigam as razões de a montadora ter demorado para corrigir um problema reportado há mais de uma década. “Estamos trabalhando para garantir que isso nunca mais aconteça novamente”, afirmou Mary Barra.