Fontes limpas atraem mais investidores

Fontes: Energéticas - 29/06/07

Os investimentos mundiais para o setor passaram de US$ 80 bilhões em 2005 para US$ 100 bi em 2006. As energias renováveis e as tecnologias para aumentar a eficiência energética atraem cada vez mais investimentos, incluindo os de alto risco, afirma um relatório do Programa para o Meio Ambiente das Nações Unidas (Pnuma). Os investimentos de capital mundiais dedicados ao setor de energias renováveis passaram de US$ 80 bilhões em 2005 para US$ 100 bilhões no ano seguinte. Em 2006, foram investidos US$ 71 bilhões em empresas e oportunidades do novo setor, 43% a mais que no ano anterior e 158% a mais que em 2004. A esse valor, é preciso acrescentar US$ 30 bilhões em fusões, aquisições, refinanciamento de ativos e outras operações.

A tendência ascendente no setor continua este ano, com investimentos previstos de cerca de US$ 85 bilhões. Embora as fontes renováveis só representem, atualmente, 2% da energia mundial, concentram aproximadamente 18% dos investimentos mundiais em geração.

A energia de origem eólica é hoje a que mais recebe investimentos entre as de fonte renovável, enquanto a solar e a procedente dos biocombustíveis cresceram mais rapidamente, par-tindo de níveis mais baixos.

As energias renováveis concorrem quase igualmente com o carvão e o gás no que diz respeito à construção de novas unidades geradoras. Além disso, a proporção de energia gerada a partir de fontes renováveis crescerá à medida que os bilhões em novos investimentos renderem fruto.

O relatório do Pnuma afirma ainda que os mercados de energia renovável e de eficiência energética estão se tornando cada vez mais globais e têm cada vez mais acesso aos mercados de capitais. O novo capital procede, muitas vezes, de fundos de investimentos de risco, das bolsas de valores e de refinanciamentos internos, o que indica que o setor deixou de ser periférico. Os riscos e as incertezas relacionados a esse tipo de energia e tecnologia podem ser limitados através da diversificação tanto geográfica como tecnológica.

As energias renováveis que mais investimentos atraem são a eólica, a solar e a dos biocombustíveis, o que reflete, diz o relatório, tanto a maturidade tecnológica atingida, como a existência de grandes incentivos e o apetite dos investidores. Os investimentos das bolsas de valores nas empresas dedicadas ao desenvolvimento, à comercialização e à fabricação de nova tecnologia cresceram no ano passado 141% em relação a 2005. Enquanto isso, os de capital de risco e de capitais privados aumentaram em 167%.

O financiamento dos ativos de geração e de capacidade energética acusou um crescimento menor: de 22.9% em 2006, sobre o ano anterior. Já o de ativos da nova capacidade geradora, a maior fonte singular de investimentos em energia renovável, representou cerca de 40% dos US$ 70,9 bilhões investidos em 2006. Nesse mesmo ano, os investimentos em biocombustíveis dos capitais de risco e dos capitais privados chegaram a US$ 2,3 bilhões; os dedicados à energia solar foram de US$ 1,4 bilhão; e os que se dirigiram à energia eólica, em boa parte para melhorar a capacidade geradora, ficaram em US$ 1,3 bilhão.

Aproximadamente 40% dos investimentos em energia solar foram para o desenvolvimento de novas tecnologias, enquanto, no caso dos biocombustíveis, a proporção foi de 20%.

Segundo o relatório, os investimentos em energias sustentáveis são, em sua maioria, provenientes dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE): os Estados Unidos e a União Européia foram responsáveis por 70% do total investido em 2006. No entanto, os investimentos nos países em desenvolvimento cresceram em um forte ritmo e representaram, em 2006, 21% do total mundial, frente aos 15% aferidos dois anos antes. Um total de 9% dos investimentos mundiais foi direcionado à China, graças ao grande financiamento de ativos nos setores eólico, de biomassa e de reciclagem de resíduos. No mesmo ano, a América Latina recebeu 5% dos investimentos globais. A maior parte desse capital foi aplicado em usinas de bioetanol no Brasil. Já a África Subsaariana ficou muito atrasada em relação às demais regiões.