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A indústria voltou a demitir fora do período sazonal em junho e foi a principal contribuição negativa para a geração fraca de vagas formais mostrada pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) - 25,4 mil postos, pior resultado para o mês desde 1998. No período, a indústria cortou 28,5 mil trabalhadores, retração semelhante à de maio, e registrou números negativos em todos os 12 segmentos. Os serviços e as admissões temporárias da agropecuária ajudaram a elevar o saldo, já que a construção civil e o comércio também demitiram mais do que contrataram no mês.
Os economistas consultados pelo Valor já esperavam a retração do emprego na indústria em junho, já que a produção do setor acumula queda de 1,6% entre janeiro e maio, mas se surpreenderam com o patamar elevado de demissões. Fernanda Guardado, do banco Brasil Plural, ressalta que a média de criação de postos com carteira assinada pela indústria em junho na série do Caged, que começa em 1995, é de 21 mil novos empregos. São Paulo respondeu por 16,4 mil das 28,5 mil demissões de junho. Entre os segmentos, o de material de transporte apurou pior saldo, com 5,5 mil cortes. "O resultado de junho reforça a expectativa de que a produção industrial recuou mais uma vez no mês passado", avalia Natalia Cotarelli, do banco Indusval & Partners.
Os cálculos preliminares da LCA Consultores apontam para o fechamento líquido de 74,5 mil vagas pelo setor neste ano na série sem ajuste do Caged, que não contabiliza as informações enviadas pelas empresas fora do prazo legal. Fabio Romão, economista da LCA, explica que o período de demissões na indústria costuma se concentrar em novembro e dezembro, quando são dispensados os temporários admitidos para reforçar a produção para as vendas de Natal. "Como a atividade não tem se recuperado, neste ano talvez não haja alta significativa de contratações entre agosto e outubro e um volume forte de cortes nos meses finais. "
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Para Romão, o movimento fraco do comércio durante a Copa pode ter influenciado o resultado do setor, que perdeu 7 mil vagas em junho. No ano, o saldo é negativo em 58 mil - contra 13,7 mil demissões líquidas entre janeiro e junho do ano passado -, reflexo da desaceleração do varejo neste ano. A construção civil, que diminuiu o estoque de funcionários em 12,4 mil, também teria sofrido impacto do Mundial, devido a adiamento de decisões de contratação, e corre risco de fechar o ano no vermelho.
Serviços e agropecuária deram contribuições positivas para o saldo de junho - de 31,1 mil e 40,8 mil -, mas criaram vagas em patamar inferior ao ano passado. "A indústria continua sendo grande destaque negativo, mas todos os segmentos desaceleraram nos últimos meses", pondera Fernanda, do Brasil Plural. Em junho de 2013, a economia brasileira criou 123,8 mil vagas formais em junho, quase 100 mil a mais do que no mês passado.
O ministro do Trabalho, Manoel Dias, admitiu que o resultado de junho ficou abaixo do que esperava - "não havia indicativo disso", disse -, mas se mostrou otimista com o segundo semestre. A "inversão da curva", para ele, começa neste mês, quando o Caged deve mostrar saldo superior ao de julho de 2013, de 72 mil vagas.
"Os investimentos em infraestrutura continuam. Espera-se também que medidas tomadas pelo governo para a indústria [entre eles o Reintegra e a ampliação da preferência para o produto nacional em compras públicas], leve a uma recuperação do emprego", disse Dias. Ainda assim, o ministro revisou para baixo a estimativa de geração de vagas formais neste ano, de 1,4 milhão a 1,5 milhão, para 1,1 milhão.
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