Indústria paulista cria 9 mil empregos em abril, mas não há sinal de otimismo

Segundo diretor da Fiesp e do Ciesp, Paulo Francini, situação do emprego na indústria continua ruim, com expectativa de fechamento de 40 mil vagas em 2014.

A indústria de São Paulo contratou 9 mil trabalhadores em abril deste ano. O setor sucroalcooleiro foi o responsável pela criação de vagas no mês passado ao contratar quase 11 mil empregados. Já a indústria de transformação fechou mais de 1.700 postos, o que reforça a previsão para um cenário ruim do emprego no setor este ano.

A avaliação é do diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon) da Federação e do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp e Ciesp), Paulo Francini.  O departamento é responsável por realizar a Pesquisa de Nível de Emprego do Estado de São Paulo.

Segundo Francini, apesar da contratação de nove mil funcionários em abril, o emprego industrial continua patinando e deve encerrar o ano com queda de 1,5%, o equivalente a quase 40 mil vagas encerradas ao longo de 2014.
"Não podemos nos deixar enganar por um número positivo:  o setor de açúcar e álcool normalmente nessa fase do ano contrata e esse ano não foi diferente", explicou o diretor do Depecon. Ele acrescentou que a indústria sucroalcooleira "contratou até menos que no ano passado".

Somente em abril, as usinas de açúcar e álcool contrataram 10.778 novos funcionários, enquanto a indústria de transformação demitiu 1.778. "Portanto, o saldo de nove mil [empregos] significa que outros setores perderam emprego".

Francini avaliou ainda que, em um ano como esse, com Copa do Mundo e eleições presidenciais, nenhuma medida expressiva deve ser tomada para incentivar a economia e a indústria.

"Não esperamos grandes novidades e há de ser um ano morno em termos de desempenho da indústria, que deve ter um desempenho medíocre", disse.

Mercado de Trabalho

Apesar das contratações, no dado dessazonalizado, o emprego na indústria de São Paulo apresentou uma taxa negativa de 0,73%. No acumulado do ano, o setor manufatureiro preencheu 28,5 mil vagas novas.


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Já na comparação de 12 meses, abril deste ano versus abril de 2013, a indústria demitiu 69 mil empregados, o equivalente a uma queda de 2,59%, sem ajuste sazonal.

A pesquisa da Fiesp e do Ciesp indicou que, até abril deste ano, o comportamento do emprego em 2014 tem se assemelhado ao desempenho de 2012, quando a pesquisa mostrou uma queda de 0,74% do emprego em abril daquele ano. "A situação do emprego na indústria de transformação continua ruim e muito provavelmente há de continuar ruim", alertou Francini.

Setores

Dos 22 setores apurados pela pesquisa, 11 computaram queda, oito registraram alta e três ficaram estáveis no que se refere ao emprego.  Entre os que mais demitiram, destaque para a indústria de Confecção de Artigos do Vestuário e Acessórios, com o fechamento de 2.594 vagas, e de Máquinas, Aparelhos e Materiais Elétricos, com 2.312 demissões.

No campo da geração de emprego, se destacaram indústrias de Produtos Alimentícios, sobretudo usinas de açúcar, e de Produtos Farmoquímicos e Farmacêuticos.  Ambas criaram 12.288 e 2.176 vagas respectivamente.

Das regiões consultadas pela Fiesp e pelo Ciesp, 22 anotaram alta no emprego industrial, 12 informaram demissões e duas registraram estabilidade.

A região de Jaú registrou um ganho de 4,98% no mercado de trabalho de sua indústria, puxada principalmente pelos setores de Produtos Alimentícios (14,09%) e de Artefatos de Couro e Calçados (4,48%). Sertãozinho computou alta de 4,20% no emprego na indústria, também motivada pelo segmento de Produtos Alimentícios (7,39%). Já o emprego na indústria de São Carlos cresceu 4,14%, com ganhos em Produtos Alimentícios (14,01%) e Produtos de Borracha e de Material Plástico (4,84%).

Entre as baixas, a região Piracicaba computou queda de 3,32% e perdas de 2,88% em Produtos Alimentícios e de 1,92% em Máquinas e Equipamentos. Em Bauru, o emprego caiu 2,32%, com baixa nos setores de Máquinas, Aparelhos e Materiais Elétricos (-19,84%) e de Produtos Alimentícios (0,65%).  Diadema também figurou entre as quedas de abril, com -1,66%, pressionada pelos segmentos de Produtos de Borracha e de Material Plástico (-4,58%) e de Produtos de Metal, exceto Máquinas e Equipamentos (-2,06%).


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