Fonte e foto: Inovação Tecnológica - 27/06/07
Os cientistas já afirmaram que os buracos negros não são buracos, mas bolhas; que eles não são realmente negros e que podem nem mesmo ser buracos; e que eles podem ser portais para outros universos.
Buracos negros não existem?
Agora, uma equipe de astrofísicos da Universidade Case Western, Estados Unidos, foi mais longe, e publicou um artigo científico afirmando que os buracos negros podem não existir. Ou pelo menos não são devoradores de matéria, como se imaginava até agora.
Apesar de povoarem inúmeros artigos e livros científicos, a ponto de já terem atingido o imaginário popular, os buracos negros não podem ser observados diretamente. O que os cientistas têm em mãos são efeitos gravitacionais, que são atribuídos a essas estruturas capazes de devorar qualquer coisa que ultrapasse suas fronteiras.
Horizonte de eventos
A fronteira de um buraco negro é chamada de horizonte de eventos. Segundo a teoria atualmente aceita, qualquer objeto que ultrapasse o horizonte de eventos de um buraco negro será totalmente destruído - não apenas esmigalhado ou vaporizado, por que isto deixaria migalhas ou vapores, mas destruído mesmo, "sem deixar qualquer informação," como dizem os cientistas. Nem mesmo a luz consegue escapar de lá.
O que a nova teoria agora lançada afirma é justamente que não é possível existir um horizonte de eventos. Segundo seus autores, a destruição de toda a informação da matéria que ultrapassa o horizonte de eventos vai contra as leis da mecânica quântica. Esse é um dos maiores paradoxos da astrofísica, para o qual a teoria atual não possui soluções satisfatórias.
"Se você define o buraco negro como um lugar onde você pode perder objetos, então não pode haver tal coisa, porque o buraco negro evapora antes que qualquer coisa possa cair nele," explica o físico Tanmay Vachaspati.
Se os buracos negros existirem, a informação gerada no seu estado inicial irá desaparecer no próprio buraco negro por meio da emissão de um jato de radiação termal que não carrega nenhuma informação sobre o estado inicial.
Radiação não-termal
O que os físicos agora propõem é que qualquer massa que se aproxima do horizonte de eventos do buraco negro encolhe de tamanho, mas nunca "cai no buraco" no sentido que se atribuía até agora, devido à radiação pré-Hawking, uma radiação não-termal que contém informações sobre a natureza do que está sendo destruído. A partir dessa radiação não-termal é possível reconstituir a matéria que teria caído no buraco negro - logo, um buraco negro não destrói totalmente a informação, porque nada cai nele realmente.
"A radiação não-termal pode carregar informação, ao contrário da radiação termal. Isto significa que um observador externo, vendo algum objeto se desfazendo no buraco negro, receberá a radiação não-termal de volta e será capaz de reconstruir toda a informação do objeto inicial e assim nenhuma informação se perde," explica Vachaspati.
Os físicos não negam as inúmeras observações já feitas por astrônomos e astrofísicos, que verificaram a existência de gigantescas forças gravitacionais mantendo unida uma quantidade inimaginável de matéria - o que hoje é descrito como um buraco negro. Mas, segundo eles, "do ponto de vista de um observador externo, leva uma quantidade infinita de tempo para se formar um horizonte de eventos e o relógio para os objetos caindo no buraco negro parece diminuir seu ritmo até zero," diz Lawrence M. Krauss, outro autor do artigo.
Se, ainda assim, os buracos negros realmente existirem, continuam os pesquisadores, então sua formação somente poderá ter acontecido no início do tempo.