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Os chamados pneus verdes não são apenas um apelo comercial da indústria automobilística. A adoção do componente será um dos processos fundamentais para que montadoras atinjam a meta de eficiência energética exigida pelo Inovar-Auto. O pneu verde possui menor resistência ao rolamento e, assim, reduz o consumo de combustível.
"Todas as montadoras irão utilizar pneus verdes em seus carros nos próximos anos. É um caminho sem volta", afirmou ao DCI o diretor comercial de equipamento original da Michelin América do Sul, Ruy Ferreira. A fabricante possui três plantas no País e a única voltada a veículos de passeio produzirá apenas pneus verdes. "Fazer esse tipo de produto é fácil. O difícil é conseguir alta eficiência energética sem comprometer itens como segurança e durabilidade", pondera Ferreira.
A companhia francesa investiu 300 milhões de euros na ampliação da planta de Itatiaia (RJ), o que permitirá a produção de 5 milhões de pneus de veículos de passeio por ano, em uma primeira fase. "Temos a consciência de que o pneu verde não pode prejudicar a performance e a segurança. E como somos pioneiros nesse segmento, estamos totalmente preparados para o aumento da demanda", garante Ferreira.
Segundo as empresas que já fabricam pneus verdes, o componente custa de 10% a 15% a mais do que o comum (standard), no entanto, resulta em cerca de até 6% de economia de combustível.
"O consumidor pode obter o retorno do investimento em apenas quatro meses", afirma o diretor de pesquisa e desenvolvimento da Pirelli América Latina, Roberto Falkestein. Segundo o executivo, além da eficiência energética, o pneu verde ainda reduz a emissão de gases do efeito estufa. "Para cada 50 quilômetros rodados, 200 garrafas PET de CO2 deixam de ser despejadas na atmosfera", exemplifica.
A fabricante italiana possui um programa de investimentos de R$ 1 bilhão até 2017 no País e um dos focos será otimizar a produção dos pneus verdes. "Com o Inovar-Auto, todas as montadoras estão substituindo, aos poucos, os pneus standard. As fabricantes terão que se adequar", destaca Falkestein.
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A Pirelli produz pneus verdes nas unidades de Campinas (SP), Feira de Santana (BA) e Merlo, na Argentina (onde a linha é integrada às brasileiras). "Lançamos uma nova geração desse tipo de produto em meados de 2011 e, com o novo regime automotivo, a demanda ganha cada vez mais força", ressalta Falkestein.
O pneu verde custa mais caro e, por esse motivo, não foi amplamente adotado, mesmo sendo considerado um caminho sem volta. "As montadoras ainda estão calculando o custo-benefício", diz o executivo da Pirelli. Para o diretor-superintendente e responsável pelas operações da Continental Pneus no Mercosul, Renato Sarzano, esta categoria de produto tem sido bastante solicitada pelo mercado.
"O pneu verde foi uma das formas que as montadoras encontraram para atender à exigência de eficiência energética do Inovar-Auto", diz Sarzano. "Estamos absolutamente preparados para o aumento da demanda", complementa.
O executivo ressalta, no entanto, que as matérias-primas utilizadas na fabricação do pneu verde são mais caras e algumas não estão disponíveis no mercado brasileiro. "Se a demanda explodir, nem todas as fabricantes estarão preparadas", diz Sarzano.
Ele afirma que, hoje, 50% da produção da Continental no Brasil são pneus verdes. Porém, na Europa, este índice sobe para 80%. "Ainda vai levar um tempo para ficarmos equivalentes ao velho continente", diz. Sarzano explica que, na Europa, a especificação de resistência ao rolamento é bem mais rígida. E o Brasil deve seguir o mesmo caminho.
"Aqui a tolerância será cada vez menor. As montadoras adotarão pneus com menor resistência ao rolamento, mas isso tudo tem um custo", avalia. Ele pondera que as indústrias tradicionais ainda estão se adaptando à linha sustentável. "Vai ser uma guerra de tecnologia", avalia.
A fábrica da Continental no polo industrial de Camaçari (BA) demandou investimentos da ordem de US$ 260 milhões. Posteriormente, a companhia investiu mais US$ 210 milhões para ampliar a capacidade de produção para 8 milhões de unidades por ano. "A General Motors já depositou confiança na Continental quando nos deu o Ônix e a S10. Quem possui tecnologia sairá na frente", comemora.
As fabricantes são unânimes ao afirmar que os pneus verdes terão 100% de demanda garantida das montadoras a partir de 2017. Porém, no mercado de reposição, a história é diferente. "Será preciso uma ampla conscientização junto ao consumidor de que o pneu verde é a melhor opção tanto para ele quanto para o meio-ambiente", diz Sarzano.
Falkestein concorda. "Esta é uma tendência que veio para ficar. Faz bem à montadora e ao consumidor", diz.
Porém, dependendo do grau de conscientização, o delay entre o mercado original e o after market pode chegar a sete anos para que o pneu verde realmente conquiste o brasileiro.
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