Montadoras querem IPVA único no país

Em vez do IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores), que é proporcional ao valor do bem, seria criada uma taxa anual de valor único.

A Anfavea (associação nacional das fabricantes de veículos) apresentou ao governo uma proposta para alterar a tributação pela posse de carros. Em vez do IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores), que é proporcional ao valor do bem, seria criada uma taxa anual de valor único.

Batizada de ICVA (Imposto sobre Circulação de Veículos Automotores), a taxa sugerida substituiria o IPVA e, segundo Luiz Moan, presidente da entidade, estimularia a renovação da frota.

Segundo o executivo, isso ocorreria porque, quanto mais velho o carro, maior seria o peso do tributo em relação a seu preço de mercado. Essa lógica já é aplicada em outros países, como a Inglaterra.

A Folha apurou que as montadoras expuseram a proposta agora porque sabem que o governo planeja fazer uma readequação no cálculo do tributo a partir de 2017, época que coincidiria com o início da segunda etapa do Inovar-Auto, programa federal de estímulo à indústria automotiva nacional.

Contudo, a unificação do imposto seria complexa, pois o IPVA tem variações de alíquota de um Estado para o outro. Atualmente em São Paulo, o tributo sobre carros de passeio a gasolina ou flex equivale a 4% do valor de tabela do veículo.

Assim, o IPVA de um modelo de entrada novo (R$ 28 mil) é de cerca de R$ 1.100. Um automóvel similar, mas com dez anos de uso, terá imposto de R$ 550. Após duas décadas, por lei, o automóvel fica isento da taxa.

Para que a arrecadação atual seja mantida, o governo paulista teria de cobrar aproximadamente R$ 800 por carro - mantendo os "velhinhos" fora do rateio. As motocicletas e os caminhões não estão nessa conta.

Para a especialista em legislação tributária Mary Elbe Queiroz, a padronização provocaria desigualdade.

"Não é justo cobrar o mesmo IPVA por um hatch popular e por um superesportivo de alto luxo, já que a condição financeira de seus proprietários, por analogia, é bastante distinta. Se o propósito é estimular a renovação da frota, que incentivem a troca por um carro novo reduzindo a carga tributária."


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Ela também critica o atual cálculo do tributo. "Não é certo isentar os veículos mais antigos, pois eles, além de usufruírem da infraestrutura de trânsito, poluem mais."

Fora o IPVA, o proprietário precisa arcar anualmente com o licenciamento (R$ 68,48) e o seguro obrigatório Dpvat (R$ 105,65), taxas fixas para todos os carros.

Por Felipe Nóbrega/ Folha de S. Paulo


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