Grupo investirá R$ 3,9 bi em eólica

Fonte: Gazeta Mercantil - 25/06/07

Siif Énergies tira do papel megaprojeto que prevê sete centrais geradas pela força do vento. A Siif Énergies do Brasil, sediada em Fortaleza, começa a colocar em prática um mega-projeto para a instalação, numa primeira etapa, de sete usinas eólicas no País, com capacidade de geração total de 355 megawatts (MW) e investimentos de R$ 1,426 bilhão. Somente para o Ceará, que abrigará seis unidades, os aportes irão atingir R$ 1 bilhão, sendo 20% financiados pelo Banco do Nordeste do Brasil (BNB), 60% pela Adene (Sudene) e o restante em recursos próprios dos sócios.

O ambicioso programa conduzido pela Siif - sociedade que reúne o grupo português HLC, sediado em Lisboa, que atua na área climática, com participação de 51%, Citigroup (18,85%), Liberty Mutual (18,85%) e Black River (11,3%) - prevê investimento total no País da ordem de R$ 3,9 bilhões, aplicados até 2011, com a instalação de 15 parques no Brasil. A segunda etapa do projeto, ou seja, a instalação de mais 8 usinas, deve ter início a partir de 2009.

Os parques projetados pela companhia no Ceará têm condições de gerar 220,73MW e representam algo em torno de 44% do previsto no âmbito do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa) para o Ceará. A primeira etapa inclui ainda a usina de Quintanilha Machado, em Cabo Frio, no Rio de Janeiro, em condições de gerar 135 MW.

Pelo cronograma, três parques eólicos cearenses - Paracuru, com capacidade de geração de 23,4 MW, Canoa Quebrada (10,5 MW) e Lagoa do Mato (3,23 MW), já com obras em andamento - devem ser concluídos até dezembro deste ano. Para 2008, serão instaladas as outras três usinas: de Foz do Choro (25,2 MW), estimado para abril; de Icaraizinho (54 MW), em julho; e de Praia Formosa (104,4 MW), novembro. Para a central eólica do Rio de Janeiro, a obra está prevista para ser iniciada em setembro deste ano.

A empresa tem ainda em carteira projetos que somam mais 780 MW em geração eólica, entre Ceará e Rio Grande do Norte, não incluídos no Proinfa. Mantido esse ritmo, a companhia tende a se transformar em uma das maiores geradoras eólicas da América Latina.
"Escolhemos o Ceará por ser um estado com melhores ventos", assinala o empresário Armando de Almeida Ferreira, diretor-presidente da Siif e do HLC - que no Brasil tem participação de 50% na termelétrica CGE, de Manaus, com capacidade de 100 MW, em operação desde 2003. "O presidente da República e o Ministério de Minas e Energia não precisam ficar preocupados com licenciamentos para usina do Rio Madeira. Se necessário, em três anos, podemos fazer uma usina com as mesmas dimensões", ressalta Ferreira.

O empresário Armando de Almeida Ferreira, diretor-presidente da Siif e do HLC - com participação ainda de 50% na termelétrica CGE, de Manaus, com capacidade de 100 MW, em operação desde 2003 -, adianta que tem contratado pela Eletrobrás, por 20 anos, toda a energia gerada nos projetos desta primeira fase do Proinfa.

Nesta semana chegou ao Porto do Mucuripe, em Fortaleza, o primeiro lote de 19 aerogeradores - dentro de um total de 107 - fabricados pela empresa indiana Suzlon. Até agosto, mais 8 navios com equipamentos devem atracar no porto da Capital. Para os parques eólicos do Ceará - todos com as devidas licenças liberadas, conforme Ferreira -, a Siif encomendou do fabricante indiano as maiores turbinas já instaladas no Brasil, com potência nominal de 2,5 mil kW, cada. "Só há no mundo uma maior do que essa, que é a de 3 mil kW, da Vestas Wind Systems", diz. Os projetos incluem pás de 44 metros, sustentadas por torres de aço de 88 metros de altura, que pesam 160 toneladas. "Se colocarmos em linha reta, teremos cerca de 30 quilômetros, distância equivalente do Porto das Dunas, em Aquiraz, região metropolitana, ao bairro Aldeota, em Fortaleza".

Cerca de mil quilômetros de cabos elétricos devem ser instalados para as linhas de transmissão e conexões. "Todas as usinas ficarão conectadas ao Sistema Interligado Brasileiro", diz Ferreira, ao ponderar que a geração de energia das usinas do grupo representa 20% de tudo o que o estado consome. Segundo o empresário, uma parte vai ficar interligada às subestações da Companhia Energética do Ceará (Coelce) e outra na Companhia Hidro-Elétrica do São Francisco (Chesf). Os parques serão comandados a distância, exigindo uma equipe de 50 pessoas para manutenção, na fase operacional.

Ao tirar do papel os projetos de usinas eólicas, a Siif também sinaliza que as barreiras de índice de nacionalização de 60% exigidas pelo Proinfa podem ser vencidas - a empresa vem trabalhando nos projetos desde 1999. "Importamos apenas os aerogeradores. Torres, transformadores, aço, cabos e montagem são brasileiros". Somente na importação de aerogeradores e pás o grupo vai investir R$ 380 milhões. Segundo Ferreira, as 7 usinas eólicas projetadas pelo grupo Siif também irão contribuir para livrar o meio ambiente da carga de cerca de 600 mil toneladas de por ano.

Estimativas indicam que o potencial do litoral do Ceará em áreas aceitáveis e dentro do conceito de pré-licenciamento ambiental para produção de energia eólica alcançariam 25 mil MW. Projeções para a foz do Acaraú, na plataforma continental offshore, promissora em termos de produção, sinalizam geração entre 10 mil MW a 12 mil MW. Na região, há lâminas d’água de 5 metros a 8 metros e extensão de 5 quilômetros da costa. No Ceará, são 14 projetos no Proinfa, com a contratação de 500,53MW e investimentos de R$ 2 bilhões.