A venda de 50 jatos da nova família E-Jets E2 para a companhia indiana Air Costa reforça ainda mais a presença da Embraer na Ásia-Pacífico, onde a empresa já detém uma participação superior a 80%. Segundo previsão de analistas, a região deve se consolidar ao longo dos próximos 20 anos como o maior mercado global, com uma demanda de 6.400 aeronaves, sendo 1500 no segmento de 70 a 130 assentos.
Ao longo dos últimos meses a Embraer vem sinalizando que, embora o principal mercado para a aviação comercial continue sendo os Estados Unidos, operadores de outras regiões do mundo como Ásia-Pacífico, Leste Europeu, África e Europa Ocidental, tem demonstrado um interesse crescente pelos jatos regionais.
Até 2012 a Ásia Pacífico respondia por quase 20% das vendas de aeronaves da empresa, mas este número deve crescer em 2014, segundo especialistas do setor. Para a Embraer, a perspectiva econômica positiva e a liberalização intra-regional vão incrementar em 6% a demanda anual do transporte aéreo na Ásia-Pacífico até 2032.
A boa fase de vendas de jatos da Embraer teve início em junho, durante o salão aeroespacial de Le Bourget, em Paris, quando lançou os jatos da nova família E2 e, de quebra, anunciou 365 pedidos, entre firmes e opções.
No ano passado, considerado o melhor ano de vendas da companhia desde 2008, os negócios da Embraer na aviação comercial somaram 345 encomendas firmes e 427 opções de compra, entre jatos da atual geração e da nova.
O negócio com a Air Costa, avaliado em US$ 2.94 bilhões, pode chegar a US$ 5,88 bilhões, caso as outras 50 opções de compra sejam exercidas. Há dois meses, a Embraer anunciou a venda firma de 60 jatos do modelo E175 para a americana American Airlines, um contrato de US$ 2,5 bilhões, mas que também tem potencial para atingir US$ 6,25 bilhões.
A Air Costa é o primeiro cliente dos E-Jets E2 no mercado indiano. A boa reputação da Embraer na Índia também é comprovada pelas compras que o país fez de aviões de defesa, mercado competitivo e dominado pelos países desenvolvidos. Em 2008, a Índia comprou três aeronaves Embraer equipadas com sistemas eletrônicos para missões de vigilância e controle do espaço aéreo. Duas aeronaves já foram entregues e a terceira está prevista para este ano.
A Força Aérea Indiana também opera cinco jatos executivos do modelo Legacy 600, utilizados no transporte de autoridades. Um deles é operado pela Força de Segurança de Fronteiras, subordinada ao Ministério do Interior da Índia.
Segundo informou a Embraer, o planejamento de frotas da Air Costa prevê a utilização dos E-Jets da família atual para se estabelecer no mercado, até que os novos modelos iniciem sua operação comercial, a partir de 2018. A companhia opera quatro E-Jets Embraer, sendo dois E170 e dois E190.
A Embraer informou que o modelo de negócio da Air Costa é muito parecido com o da Azul, ao priorizar as cidades secundárias, mal servidas pelo transporte aéreo regular. Em comunicado divulgado para a imprensa, o presidente da Embraer Aviação Comercial, Paulo Cesar Silva, disse que na região da Ásia-Pacífico o tráfego aéreo é composto principalmente por mercados secundários, com demandas de baixa e média densidade com até 300 passageiros por dia em cada sentido.
Segundo o executivo, cerca de 60% desses mercados não são servidos por voos sem escalas e quase metade de todos os mercados atendidos não permite a viagem de ida e volta no mesmo dia.
Silva tem afirmado, em vários momentos, que espera manter com os jatos da nova família o mesmo percentual de participação de mercado, em torno de 50%, que tem hoje com as aeronaves da geração atual. Desde o seu lançamento, há oito meses, os novos jatos acumularam uma carteira de pedidos firmes de 200 aeronaves.
Por Julio Bittencourt/ Valor Econômico