O investimento de R$ 180 milhões da Shiyan Yunlihong Industrial Trade Company, para construção de fábrica em Camaquã (RS), já demora mais de dois anos para se concretizar. No projeto inicial dos chineses, a planta começaria a montar caminhões leves e médios, com PBT de até 8 toneladas, no fim de 2014. De lá para cá, a empresa conseguiu terreno, dois inclusive, que somam área de mais de 120 hectares no município gaúcho, mas ainda nada saiu do papel.
Em entrevista a Automotive Business, Lúcio Storchi, diretor administrativo da Yunlihong Motors do Brasil, como a empresa é chamada aqui, assegurou que o aporte está mantido, mas os rumos dos planos mudaram totalmente, atrasando o início das operações.
Storchi explicou que a maior dificuldade do processo está na adaptação dos três modelos de caminhões chineses que deverão ser feitos no Sul. “Chegamos à conclusão de que não conseguiríamos competir neste mercado, que é dominado pelos financiamentos do Finame, do BNDES, com produtos montados com peças chinesas. Nossos caminhões precisariam ter logo de cara mais de 60% de componentes nacionais para serem vendidos pela linha de financiamento. A demora está justamente em conseguir ajustar este percentual alto de peças. Até agora temos apenas o motor Cummins definido. A caixa de câmbio deverá ser da Eaton ou da ZF. Mas todo o resto ainda passa por negociação com diversos fornecedores, o que deve ser estender até o ano que vem”, contou Storchi.
A estratégia para acelerar os negócios no Brasil foi partir para outro segmento. Os primeiros produtos a serem lançados pela empresa, a partir de 2015, segundo o diretor serão dois modelos de chassis de micro-ônibus de 7 metros, um 4x2 e outro 4x4. “Nacionalizar um chassi é muito mais fácil. Como identificamos a carência deste tipo de veículo para transporte urbano, decidimos começar por esse caminho para tentar diminuir as dificuldades no processo de nacionalização. Depois de fecharmos contratos com fornecedores para os chassis, deverá ser mais rápido conseguir novos parceiros para a produção dos caminhões.” Os micro-ônibus também terão motor Cummins e caixa da ZF ou da Eaton. A carroceria deverá ser montada pela gaúcha Ibrava. O grupo também estuda aproveitar sistemistas já instalados na vizinha Gravataí, onde atendem a General Motors.
Uma vez com a fábrica de chassis de micro-ônibus pronta em um dos terrenos, o que deverá acontecer só depois de 2015, a de caminhões deverá entrar em operação em seguida, na outra área próxima. Ambas as unidades serão erguidas com o mesmo pacote de investimento, que ainda virá a contemplar - se tudo der certo, como fala o próprio Storchi – uma linha para quatro modelos de implementos rodoviários. “Queremos produzir também caminhão-tanque, cegonheiras, carga seca e implementos do tipo leva tudo. A nossa intenção é vender o caminhão e o implemento em uma nota só. Tem muito chão pela frente para fazer tudo isso, mas posso assegurar que temos os R$ 180 milhões para este empreendimento no Brasil”, concluiu Storchi.
Por Camila Franco/ Automotive Business