A indústria de máquinas agrícolas Montana, com sede em São José dos Pinhais (PR) e uma das maiores fabricantes de pulverizadores do país, deve “trocar de mãos” no final deste mês, para quando está marcada a assinatura do contrato de venda da empresa com a francesa Khun. A informação foi confirmada na última sexta-feira (31) pelo fundador da companhia paranaense Gilberto Zancopé. Ele não revelou o valor exato da transação, mas disse que a cifra está de acordo com a avaliação do mercado, entre R$ 300 e R$ 400 milhões. Zancopé, que nos últimos anos passou a presidência da empresa para um profissional contratado, deve se manter no cargo de conselheiro.
Em entrevista à Gazeta do Povo, o executivo explicou que a Montana estava com dificuldades para ganhar mercado nos últimos anos, depois que as multinacionais de maquinários passaram a ampliar suas apostas no segmento. Ele destacou que a “empresa teve o melhor ano de sua vida em 2013”, com vendas que somaram R$ 280 milhões – R$ 60 milhões a mais do que no ano anterior. A participação da marca no mercado de pulverizadores, por outro lado, vinha caindo. De 30% em 2012, passou a ter 20% do comércio desse tipo de máquina, usada principalmente para aplicação de agroquímicos no campo. “Perdemos mercado com entrada de novos entrances (concorrentes). Esse foi um dos motivos que me levou a vender a empresa. A oferta [de preço] também foi muito boa”, comemora.
Reforço
Apesar de classificar a situação financeira da Montana como saudável, Zancopé afirma que a empresa necessitava de maior poder de investimento, o que não é problema para o grupo comprador. “A Khun vai entregar capital, tecnologia e mercado, porque tem presença muito forte em países como Austrália, Rússia e Estados Unidos, que são compradores tradicionais. Nos últimos anos, nós perdemos a África e estávamos perdendo a América Latina também. Com esse câmbio, devemos ganhar competitividade ante americanos e europeus”, prevê.
Com mais de 500 funcionários, maior parte deles alocados na Região Metropolitana de Curitiba, a Montana tinha capacidade de ampliar seu caixa em R$ 50 milhões ao ano, e com um endividamento líquido de R$ 60 milhões, aponta o fundador.
Além do cargo de conselheiro, Zancopé recebe como parte do pagamento ações da Bucher Industries AG, holding controladora da Khun, que são cotadas em Zurique (Suíça).
Com a aquisição, a Khun passa a ter quatro plantas industriais no Brasil – três eram da Montana. A empresa francesa entrou no país em 2005, quando comprou a Metasa, de Passo Fundo (RS). Nos próximos anos, deve trabalhar com os dois nomes – Khun Montana – e depois tende a extinguir a marca paranaense.
Por Cassiano Ribeiro/ Gazeta do Povo