O Fundo Monetário Internacional (FMI) acredita que o crescimento global vai se acelerar neste ano, embora permanecendo abaixo do potencial de 4%, afirmou a diretora-gerente da instituição, Christine Lagarde. “O otimismo está no ar”, disse ela, em discursos no National Press Club, na capital norte-americana.
Apesar da expectativa otimista, a executiva fez um alerta: a retomada do nível de atividade ainda está ameaçada pelo risco de alguns países, sobretudo europeus, enfrentarem uma deflação — queda contínua e persistente de preços. “A deflação é um ogro que deve ser combatido de forma decisiva”, disse ela.
“O crescimento é baixo, muito frágil e muito desigual”, acrescentou Lagarde, ao recomendar aos governos que mantenham o foco em políticas de estímulo ao crescimento e à geração de empregos. Para ela, os bancos centrais só devem retirar os estímulos monetários quando sentirem que a recuperação econômica é sustentável.
O ritmo mais acelerado de atividade econômica também foi apontado em relatório do Banco Mundial (Bird) que prevê uma expansão de 3,2% da economia mundial neste ano, depois de uma alta de 2,4% em 2013. O impulso virá sobretudo dos países desenvolvidos, liderados pelos Estados Unidos, que, segundo a instituição, dão sinais cada vez mais firmes de que começam a deixar a crise para trás.
No caso do Brasil, o banco não vê razões para muito entusiasmo. O Produto Interno Bruto (PIB) do país terá expansão de 2,4% em 2014, bem menor do que a média mundial. Será também uma das taxas mais baixas entre os países em desenvolvimento, maior apenas do que as previstas para o Irã (1%) e para o Egito (2,2%).
O relatório avalia que as eleições que acontecerão este ano no Brasil e em outros países tornarão mais difíceis os ajustes econômicos que precisam ser feitos — como a transição para taxas de juros mais altas e cortes de gastos para equilibrar os orçamentos. E adverte que o elevado deficit nas contas externas e a pioria na política fiscal contribuem para aumentar a desconfiança dos investidores internacionais no país.
Foi a primeira vez em três anos que o Bird elevou a previsão para o crescimento global. O relatório afirma que a economia mundial chegou a um “ponto de inflexão”, uma vez que a austeridade fiscal e as incertezas políticas não pesam mais com tanta força na maioria dos países ricos. Em particular, o banco espera um crescimento mais forte nos Estados Unidos, de 2,8% neste ano, bem acima do 1,8% calculado para 2013.
Já para os emergentes, a estimativa de 5,6% em 2014, feita em junho passado, foi reduzida para 5,3%. Nos últimos dois anos, essas nações avançaram no ritmo mais lento em uma década, depois de conseguirem taxas de crescimento elevadas antes da eclosão da crise global, em 2008.