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As projeções para o desempenho da economia em 2014 caíram pela segunda semana consecutiva, um reflexo do pessimismo ainda generalizado de investidores e empresários na recuperação do país. Nas contas dos analistas entrevistados pelo Banco Central na pesquisa semanal Focus, o Produto Interno Bruto (PIB) deverá crescer apenas 2,01% no ano em que a presidente Dilma Rousseff tentará a reeleição. Apenas quatro meses atrás, essa estimativa era de um desempenho superior, de 2,50%.
As apostas dos analistas também foram cortadas para 2013, uma prova de que, embora menor, o risco de a economia entrar em um quadro de recessão ainda não está totalmente afastado. A expectativa é de que o PIB avance 2,30% neste ano — na semana passada, estava em 2,45%. Apesar de parecerem pequenos, os sucessivos cortes nas contas apontam rumo a um preocupante quadro: o de que, para o mercado financeiro, as ações que o governo tem implementado para estimular a atividade ainda não surtiram efeito.
Esse baixo otimismo é explicado, sobretudo, por uma percepção menos favorável em relação à recuperação da indústria. Pela terceira semana consecutiva, as projeções de crescimento para um dos principais motores da economia foram revisadas para baixo. Neste ano, para os especialistas, a produção industrial deve registrar alta de 1,61%.
Em 2014, com a ajuda da Copa do Mundo de Futebol e das eleições presidenciais de outubro, projeta-se uma expansão bem maior, de 2,31% — número que, apesar de superior à estimativa de 2013, ainda é mais baixo que as avaliações feitas pelo próprio mercado um mês atrás, quando o Focus apontava para uma alta de 2,5% do setor no próximo ano.
Projetos na gaveta
A maior parte dos analistas questiona se, com a indústria ainda em compasso de espera, o governo conseguirá estimular os investimentos produtivos que tanto fazem falta ao país. Sem confiança de que venderão mais, os empresários colocam o pé no freio, interrompendo contratações e engavetando projetos de expansão dos negócios, medidos pela taxa de Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF).
No terceiro trimestre do ano, esse indicador despencou 2,2%, o que foi crucial para derrubar todo o desempenho do PIB no período. Como resultado, as riquezas geradas por empresas, famílias e governos encolheram 0,5% entre julho e setembro. "Esse dado caiu como um balde de água fria até entre os analistas mais otimistas de mercado", disse o economista Felipe Salto, da Consultoria Tendências.
Outra avaliação é a de que, por conta dos sucessivos baixos resultados da atividade brasileira, o chamado PIB potencial — que é a capacidade do país de crescer sem gerar pressões sobre a inflação — sofreu grande redução desde a crise financeira de 2008. Até aquele ano, o país crescia a taxas superiores a 3,5% sem provocar um descompasso entre a capacidade de produção das indústrias e o consumo das famílias. "Hoje, falar em PIB potencial de 3% soa muito otimista. Nas nossas contas, esse dado estaria mais próximo de 2,5%", contou Salto.
E eu com isso
Quanto menor for o PIB potencial de um país, maiores são as chances de a economia entrar em um constante descompasso. A principal característica desse quadro é a inflação mais alta. Para analistas, foi exatamente isso o que aconteceu nos últimos anos no Brasil, após diversas medidas governamentais estimularem o consumo sem que houvesse uma contrapartida efetiva de mais oferta de produtos e serviços. Não à toa, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) já está há quatro anos acima do centro da meta perseguida pelo BC, de 4,5%, com tolerância de dois pontos para baixo ou para cima. E, nas contas da própria autoridade monetária, a carestia continuará a não dar trégua pelo menos até o terceiro trimestre de 2015.
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