A Chery decidiu retomar o plano de montar no Brasil um centro de pesquisa e desenvolvimento, que irá ajudar a fabricante a adaptar para a América do Sul os próximos lançamentos globais da marca chinesa. No início de 2013, a montadora havia desistido dessa empreitada, como estava previsto originalmente no projeto de instalação da fábrica de Jacareí (SP), onde a chinesa investe US$ 400 milhões para começar a produzir seus carros no País a partir de julho de 2014. Em vez disso, convenceu a Acteco, a divisão de powertrain da Chery, a investir US$ 130 milhões para fazer motores 1.0 e 1.5 em uma nova planta na mesma cidade da unidade de automóveis.
“Na época fizemos os cálculos e vimos que seria mais vantajoso antecipar a produção de motores aqui do que ter o P&D, porque a prioridade é aumentar o valor das compras nacionais para poder abater do IPI (extra de 30 pontos porcentuais) que foi criado com o Inovar-Auto”, explica Luis Curi, CEO e vice-presidente comercial da Chery Brasil. “Mas, com a nova estratégia da empresa de fazer lançamentos globais simultâneos, retomamos o projeto do centro”, diz o executivo. Segundo ele, a decisão foi tomada há cerca de 10 dias, após visita ao País do presidente mundial da Chery, Yin Tongyue.
Curi disse que, como a decisão é recente, ainda não sabe qual será o investimento necessário para o centro de P&D, mas revela que já começou a avaliar parcerias com polos tecnológicos instalados no interior paulista. “Vamos começar a negociar em breve.”
Segundo o executivo, o desenvolvimento local será essencial para adaptar os novos lançamentos ao mercado brasileiro, como a inclusão da tecnologia flex aos motores (bicombustível etanol-gasolina), calibragem específica de suspensões e acabamento interno diferente do chinês. Essas modificações de projetos também servirão aos países sul-americanos para onde a Chery pretende exportar a partir do Brasil. “Nossa realidade aqui é bem mais próxima dos países vizinhos”, justifica Curi.
Outra questão a ser abordada é a necessidade de atender às metas de redução de consumo até 2017 introduzidas pelo Inovar-Auto. Curi já havia mencionado, em workshop organizado por Automotive Business em 11 de novembro, que a engenharia chinesa já estudava o desenvolvimento de motores 1.0 equipados com turbo compressores e sistema start-stop, que desliga o propulsor quando o carro para. Com o P&D local, ao menos parte dessas atividades poderá ser feita aqui mesmo.
Curi informou que, segundo os cálculos feitos até agora, a Chery vai atender os requisitos do Inovar-Auto, incluindo o número mínimo de processos industriais (inicialmente só não haverá estamparia), investimentos locais em engenharia, pesquisa e desenvolvimento, além de compras locais para abater imposto. Ele confirmou que já existem 15 fornecedores com contratos assinados, todos já presentes no Brasil.
Por Pedro Kutney/ Automotive Business