Wilson Sergio, colaborador
Esta semana muitos estarão participando de suas Formaturas. Concluindo com louvor o esforço e a dedicação.
Mas e quanto a colher os frutos de tanto empenho?
Esta semana também saiu o resultado do PROVÃO do MEC e nele o retrato da educação no país; diz que as pessoas com maior poder aquisitivo estão com as vagas mais concorridas nas universidades públicas, que as pessoas de menor poder aquisitivo estão em maior número também nas universidades publicas, e que apenas uns 15% estão nas universidades particulares. É claro o povo está pobre, sem dinheiro, vai estudar em escola particular? Lógico que não.
Em um país como o Brasil o alvo do momento é também o desemprego intelectual, um termo surgido na Itália.
Descreve que a pessoa formada em um curso superior ou não arranja emprego em sua área ou submete-se a trabalhar em outra com pouca ou nenhuma exigência do conhecimento adquirido, é o Engenheiro que vende cachorro quente, a médica que abre uma loja de bijouterias, ou o Administrador que trabalha de Auxiliar Contábil em uma multinacional esperando galgar postos mais altos.
Muito está se falando sobre o desemprego, e saídas para esse mal que provoca miséria e pobreza e as consequentes falhas humanas como aumento da criminalidade e a violência.
Uma das maiores causas relacionadas com o desemprego está nos empregadores não absorverem os trabalhadores por falta de qualificação.
Investir em educação pode até ser uma lógica para combater a pobreza, pois acredita-se que uma pessoa melhor informada poderá assumir postos de trabalho com maiores exigências e conseqüentemente melhores salários.
Mas hoje fica evidente que muitos profissionais não são absorvidos não somente por possuir uma qualificação adequada. É preciso que os empregos existam, que os envolvidos, empresas, governo e instituições de ensino e logicamente as pessoas estejam em comum disposição e empenho para a geração desse emprego.
Se você se forma numa boa escola, exigem o inglês, depois o espanhol, depois uma pós-graduação, MBA, experiência no exterior. E no final das contas possuirá um ótimo currículo encalhado.
No processo seletivo exigirão: que tome apenas 1 condução, que esteja quites com o serviço militar, habilitado, que sua situação civil não interfira no ambiente da empresa, que seja uma pessoa em constante desenvolvimento, experiência de longos anos em vários setores e empresas de diversos portes. Que uma ação social voluntária conte pontos para você. Que seu RG seja do estado em que é residente. Que seja brasileiro, etc.
E você se esforça: ensaia com os amigos o que irá dizer durante a entrevista, como deverá se vestir, participa de palestras sobre como se portar, aprende sobre dinâmicas de grupo, sobre jogos psicológicos, testes psicotécnicos, prova de conhecimentos gerais, português, matemática, uma ótima redação. Até parece que se prepara para um vestibular.
Enfrenta poderosas e longas filas, descobre que são 3 vagas para 500 pessoas, suporta sol, conhece amigos, protege-se da chuva, acaba até sabendo que entre os novos amigos da fila há um primo seu distante, conversa vai, conversa vem, e é chegada a hora de finalmente ser entrevistado. Aí aparece um senhor totalmente despreparado, cansado, desmotivado, que tem uma pressão de contratar a pessoa certa para o lugar certo, está tenso, e qualquer vacilo, será o seu emprego que estará em jogo e talvez o dele também. Ai dele se contratar o candidato errado. Vão cobrar, a responsabilidade pesa, então ele lê a sua ficha e pergunta tudo sobre o que há ali, o que você gosta de fazer, qual o seu hobby, como se aquilo fosse adiantar e você doido para responder tudo certo.
A maioria das pessoas bem sucedidas, não fizeram curso superior para serem alguém na vida, eles são alguém na vida mesmo sem ter estudado tanto, pararam um pouco de estudar para ganhar dinheiro, e o fizeram muito bem, são bem reconhecidos e sua história de sucesso admirada e contada em livros.
Que diga um país que o Presidente não tem curso superior. Mas vive dizendo que irá investir em Educação.
Hoje uma pergunta pode ser feita aos estudantes que não fazem nada além de se dedicar fortemente aos estudos: Afinal, você está estudando para ficar desempregado em quê? Exatas ou Humanas?
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