Dilma: PIB de 2012 será revisado para cima

Alta foi de 1,5%* indica. Mas IBGE só divulga dia 3.

A presidente Dilma Rousseff afirmou ontem (26), em entrevista ao jornal espanhol "El País", que a economia brasileira cresceu acima do 0,9% oficialmente informado pelo IBGE. Segundo a presidente, o crescimento foi de 1,5%.
 
"Esta semana resolveram reavaliar o PIB (Produto Interno Bruto, conjunto de produtos e serviços produzidos no país). E o PIB do ano passado, que era 0,9%, passou para 1,5%. Sabíamos que não era 0,9%, que estava subestimado. Isso acontece com outros países também. Os Estados Unidos sempre revisam seu PIB. Agora, neste ano, vamos crescer bem mais do que 1,5%. Resta saber quanto acima" afirmou a presidente, em entrevista publicada no lançamento da versão on-line em português do jornal.
 
Porta-voz: estudos da Fazenda
 
Em nota, o porta-voz da Presidência da República, Thomas Traumann, afirmou que a presidente fez a estimativa da revisão do PIB com base "em estudos preliminares do Ministério da Fazenda". Segundo a nota, as informações do ministério são de que estão em curso no IBGE estudos sobre o setor de serviços que poderão concluir por uma revisão do indicador do PIB do ano passado.
 
O IBGE, porém, informou que só divulgará eventuais revisões no resultado do PIB de 2012 no dia 3 de dezembro, quando será conhecida a taxa de crescimento da economia brasileira no terceiro trimestre. O IBGE já tinha informado que os dados da nova Pesquisa Mensal de Serviços seriam incorporados ao cálculo do PIB, o que poderia alterar alguns resultados anteriores. Tradicionalmente, a divulgação do PIB do terceiro trimestre de cada ano é o momento em que os dados do ano anterior são revisados.
 
Nos cálculos do mercado, a incorporação da nova pesquisa de serviços deve, de fato, elevar o resultado do PIB de 2012. Segundo o economista Leandro Padulla, da MCM Consultores, o impacto será de 0,6 ponto percentual — ou seja, a taxa subirá de 0,9% para 1,5%. Mas, se o impacto em 2012 será favorável, a nova metodologia deve levar a um resultado pior no PIB este ano. A estimativa de Padulla é de uma perda de 0,2 ponto percentual no PIB do terceiro trimestre — em vez de queda de 0,5%, a taxa deve ficar negativa em 0,7% frente ao segundo trimestre.
 
Na entrevista ao jornal "El País" quando perguntada sobre os gastos do governo, Dilma afirmou que a situação da dívida em relação ao PIB está em patamares diferentes dos níveis observados em outros países, alfinetando a Espanha, país sede do periódico.
 
"Não estamos nessa fase, não temos uma dívida como a da Espanha, temos 35% de dívida líquida" afirmou. "Temos superávit primário. A discussão no Brasil é se o superávit primário será de 1,8%, 1,9% ou 2%. É essa discussão. Não é se nós aumentamos a dívida. É diferente aqui."
 
A presidente reiterou sua posição em não elevar a taxa de desemprego no país, como defendem alguns especialistas, como meio até de impedir, em último caso, o avanço da inflação por compressão de renda.
 
"Eu quero ter 5,2% de desemprego, e não quero aumentá-lo. Porque dizem: "Não, vocês precisam aumentar o desemprego! Que aumentem eles! Nós continuaremos impedindo que o desemprego se amplie" disse Dilma.

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